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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

O Galeão Apostólico

Hélio


Logo depois do reencontro dos apóstolos no concílio de Jerusalém, Paulo e Pedro desceram juntos até o porto de Cesareia, para o adeus final, já que cada um seguiria o seu caminho. Superados os ressentimentos pela discussão áspera que haviam tido alguns dias antes, os dois apóstolos falavam agora de suas rotinas de viagens, enquanto aguardavam a hora de embarcar:

- Sabe, Pedro, estou cansado de andar a pé por essas estradas poeirentas e de pegar esses barcos cargueiros caindo aos pedaços...


- Nem me diga, Paulo, eu viajo bem menos que você e já sinto o cansaço.


- Pois é, Pedro, eu estava pensando comigo se a gente devia orar a Deus e fazer uma campanha entre os irmãos para comprar um navio apostólico só para uso dos ungidos...

Pedro fez uma cara de espanto que deixou Paulo constrangido.

- “Veja se você concorda comigo, Pedro” – Paulo continuou -, o campo é enorme, o serviço extenuante, e nós perdemos muito tempo enjoando no mar e comendo poeira pelo deserto.


- Isso lá é verdade, Paulo, mas o que você sugere?


- Tá vendo aquele galeão reluzente entrando no porto? É um modelo novo fabricado pela família Ferrari da Itália.

- Lindo mesmo, e parece bem rápido. Acho que serviria aos nossos propósitos.



- Sem dúvida, Pedro, poderia deixar um apóstolo em cada porto e assim o evangelho se espalharia mais rápido.

- Verdade... mas ainda temos todo a terra para explorar. Bom será o dia em que alguém inventar uma máquina que voa.

- Cá entre nós, Pedro, acho que quando esse dia chegar, esta máquina não será mais necessária, já que todo o trabalho duro – depois do Mestre – quem fez fomos nós e nossos filhos na fé.

- Olha, Paulo, eu não duvido que apareça alguém se dizendo “apóstolo” ou um “pastor” muito especial, achando que tem muito mais trabalho que nós e só uma galé voadora vai resolver seu problema...

- Bem, voltemos ao assunto, e a campanha do galeão?

- Ah, Paulo, acho que Deus não precisa de galeão nem de máquina voadora não... não há maior prazer do que pregar o evangelho e estabelecer a Igreja no mundo, por terra e mar, a pé mesmo...


- É verdade, Pedro... acho que eu tava delirando... não somos mais crianças deslumbradas com galeões e máquinas voadoras, e seja na terra, seja no mar, você consegue caminhar, né...


- Paulo, Paulo, o que importa é que com Cristo, a pé ou no barco, tudo vai muito bem, vai muito bem...

Assim, bem-humorados e dispostos ao trabalho, cada apóstolo seguiu para um destino, tendo no coração apenas um vislumbre do tamanho da obra que estavam ajudando a construir...

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