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terça-feira, 26 de maio de 2009

O barulho de uma carroça

"Certa manhã, meu pai, muito sábio, convidou-me a dar um passeio no
bosque e eu aceitei com prazer. Ele se deteve numa clareira e depois
de um pequeno silêncio me perguntou:

- Além do cantar dos pássaros, você está ouvindo mais alguma coisa?

Apurei os ouvidos alguns segundos e respondi:

- Estou ouvindo um barulho de carroça.

- Isso mesmo, disse meu pai, é uma carroça vazia.

Perguntei a meu pai:

- Como pode saber que a carroça está vazia, se ainda não a vimos?

- Ora, ele respondeu, é muito fácil saber que uma carroça está vazia
por causa do barulho. Quanto mais vazia a carroça maior é o barulho
que faz.

Tornei-me adulto e até hoje, quando vejo uma pessoa falando demais,
gritando para intimidar, tratando o próximo com grossura, de forma
inoportuna, prepotente, interrompendo a conversa de todo mundo e
querendo demonstrar que é a dona da razão e da verdade absoluta,
tenho a impressão de ouvir a voz do meu pai dizendo: quanto mais
vazia a carroça, mais barulho ela faz..."

(Autor desconhecido)

terça-feira, 19 de maio de 2009

Rei Saul

Primeiro Rei de Israel, filho de Quis, da tribo de Benjamim. A história de Saul ocupa a maior parte do livro de 1 Samuel (capitulos 9 - 31), e apresenta um dos mais patéticos de todos os servos escolhidos por Deus.

Mais alto que seus compatriotas dos ombros para cima, homem cuja coragem pessoal estava à altura de seu físico, majestático para seus amigos e generoso para com seus adversários, Saul foi o homem escolhido por Deus para instituir a monarquia, para representar em si mesmo o governo real de Yahweh sobre o Seu povo. Não obstante, por três vezes é declarado que ele se desqualificou da tarefa de que havia sido incumbido, e até mesmo nessa nomeação há certa indicação sobre o caráter desse homem que Deus, em Sua soberania, escolheu para rei.

Sob a pressão da vassalagem aos filisteus, os israelitas chegaram ao ponto de pensar que somente um líder-guerreiro visível poderia lhes dar livramento. Rejeitando a liderança espiritual de Yahweh, mediada pelo ministério profético de Samuel, exigiram um rei (1 Sm 8). Depois de advertí-los dos males de tal governo - um aviso que não quiseram ouvir - Samuel foi instruído por Deus a conceder ao povo o seu desejo, e foi orientado para que escolhesse a Saul a quem ungiu secretamente na terra de Zufe (1 Sm 10:1), confirmando posteriormente a escolha mediante uma cerimônia pública, em Mispa (10:17-25). Quase imediatamente Saul teve a oportunidade de mostrar sua tarimba. Naás, o amonita, cercou Jabes de Gileade e ofereceu cruéis condições de rendição aos seus habitantes, os quais apelaram pela ajuda de Saul, o qual estava do outro lado do Jordão. Saul reuniu o povo por meio de uma típica lição objetiva de sua raça e época, e com o exército assim convocado, conquistou uma grande vitória (11:1-11). Temos uma evidência de seus melhore instintos no fato que nessa ocasião recusou a aquiescer ao desejo de seus seguidores de que fosse punidos aqueles que haviam recusado prestar-lhe voluntariamente homenagem (10:27; 11:12,13).


Depois disso, uma cerimônia religiosa em Gilgal confirmou a nomeação de Saul como rei, que obviamente recebera aprovação divina por ocasião da derrota dos amonitas. Com uma exortação de despedida ao povo, para que fosse assíduo em sua obediência a Deus, o que foi seguido por um sinal miraculoso, Samuel deixou nas mãos do novo rei o governo de sua nação. Somente por três ocasiões desde então e uma delas postumamente, é que o antigo profeta haveria de sair do segundo plano. E de cada vez fê-lo para exprobar Saul por haver desobedecido às condições de sua nomeação, condições essas que envolviam total obediência ao menor mandato de Deus. A primeira ocasião foi quando Saul, levado pela impaciência, arrogou-se o ofício sacerdotal, tendo oferecido sacrifício em Gilgal (13:7-10). Por causa desse sacrilégio foi rejeitado como rei segundo a profecia de Samuel, e Saul recebeu a primeira indicaçãode que já havia, na mente de Deus, um "homem segundo o seu coração", a quem o Senhor selecionara a fim de substituí-lo.


A segunda ocasião foi quando a desobediência de Saul impeliu o profeta a proferir sua bem conhecida frase "Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender melhor do que a gordura de carneiros" (15:22). Novamente, o fato que Saul foi rejeitado como governante de Israel, é declarado e simbolicamente demonstrado, e Samuel cortou todo contato com o monarca caído. Foi da sepultura que Samuel emergiu para repreender a Saul pela terceira e última vez, e quaisquer que sejam os problemas levantados pela história de feiticeira de En-Dor (capítulo 28), o que é claro é que Deus permitiu essa entrevista sobrenatural com o infeliz rei a fim de encher a taça de iniquidade de Saul e de predizer sua condenação iminente.


Quanto ao longo conflito entre Saul e Davi, é significativo que quando a unção pública de Davi foi efetuada em Belém, Samuel rejeitou a Eliabe, o mais viril dos irmãos de Davi, e foi advertido contra a suposição que os poderes natural e espiritual necessariamente andam juntos (16:7).


Saul é uma lição objetiva sobre a diferença essencial que existe entre o homem carnal e o homem espiritual, pois seu homônimo do Novo Testamento haveria de fazer a distinção entre os dois (1 Co 3, etc.). Vivendo uma dispensação na qual o Espírito Santo descia sobre os homens com um propósito e um tempo especiais, ao invés de habitar permanentemente nos filhos de Deus, Saul era peculiarmente susceptível a períodos de mau humor e incerteza. Não obstante, sua desobediência é sem desculpa, pois tal como nós, ele tinha acesso à Palavra de Deus, conforme a mesma era então ministrada a ele por intermédio de Samuel.


Sua queda foi ainda mais trágica pelo fato de ser ele uma personagem pública e representativa entre o povo de Deus.


Fonte: O Novo Dicionário da Bíblia - J. D. Douglas

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Cineasta acusa Vaticano de tentar prejudicar “Anjos e Demônios”

ROMA (Reuters) - O cineasta Ron Howard acusou neste domingo o Vaticano de tentar prejudicar a filmagem e o lançamento em Roma da sua nova obra, “Anjos e Demônios”, e desafiou os críticos católicos a verem o filme antes de condená-lo.

O filme é a sequência de “O Código Da Vinci”, do escritor Dan Brown, e terá pré-estreia em Roma, na segunda-feira. O personagem Robert Langdon volta à telona para ajudar o Vaticano a resgatar cardeais sequestrados e a achar uma bomba-relógio.

“O Código Da Vinci” revoltou o Vaticano, e a Arquidiocese de Roma negou a Howard a autorização para filmar partes do novo filme dentro de igrejas.

Howard afirmou que o Vaticano também exerceu a sua influência nos bastidores para tentar impedi-lo de filmar em áreas ao redor de certas igrejas e para cancelar um evento relacionado à pré-estreia do filme.

“Supostamente haveria uma recepção ou uma projeção aqui em Roma que estava aprovada, e acho que o Vaticano foi influenciar isso”, afirmou o diretor a jornalistas.

Um porta-voz do Vaticano não quis comentar.

Um bispo italiano, de 102 anos, foi citado pela imprensa italiana neste fim de semana, chamando o filme de “difamatório e ofensivo aos valores da Igreja”.

Tom Hanks, que mais uma vez interpreta Langdon, reconheceu que filmes crescem com controvérsia.

“O departamento de marketing de qualquer estúdio amaria criar polêmica sobre os seus filmes, mas eles não podem fazer isso sozinhos. Precisam de um parceiro”, disse o ator.

Dan Brown se recusa a discutir o seu próximo livro sobre as aventuras de Langdon. A editora diz que vai se chamar “The Lost Symbol” (O Símbolo Perdido, em tradução literal) e será lançado em setembro.



Fonte: O Globo

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Igreja x imprensa

Entrevista com Omar de Souza
Publicado em 11.05.2009


Este é um assunto comentado e debatido de tempos em tempos. O quanto há de verdade no pensamento corrente entre os evangélicos de que a imprensa nos persegue? Conversamos com um jornalista que tem passagens por veículos crentes e não crentes para nos dizer o quanto esta percepção procede.

Omar de Souza é pastor e jornalista formado pela Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro, com passagens por jornais como Jornal do Brasil, Estado de São Paulo e O Dia, Editora Record e assessoria de imprensa na Câmara Municipal de São Paulo. É também fundador das revistas Igreja, Consumidor Cristão e co-fundador das revistas Vinde (atual Eclésia) e Ictus (segunda fase), entre outras. Atualmente dirige a Editora Integral em São Paulo.

A imprensa vive uma guerra velada contra a igreja?

Omar - Para ser sincero, não acredito nisso. Não acho que exista uma "teoria da conspiração" cujo alvo seja a igreja, a não ser na dimensão espiritual. Penso, sim, que haja jornalistas que considerem as igrejas como ótimos alvos de matérias de crítica ou denúncia. E o mais triste é que nunca lhes falta pauta, pois as igrejas têm sido pródigas em oferecer escândalos. Essa predisposição de alguns jornalistas seria equivalente a de outros (e até dos mesmos) em relação à polícia ou aos políticos, ou seja, estão sempre esperando que alguma dessas instituições cometam algum deslize para denunciá-lo. E se pensarmos nessa questão sem paixão, chegaremos à conclusão de que o que se espera dessas instituições é sempre uma atitude ética, coerente com o discurso que professam. Se dizemos que somos transformados por Deus em agentes de justiça, de ética, é natural que a imprensa cobre esse comportamento.

Alguns afirmam categoricamente que os evangélicos são perseguidos pela Rede Globo. Qual a sua visão sobre isso?

Omar - É possível que o bom relacionamento que a Globo sempre tentou manter com a Igreja Católica (que continua sendo a que reúne mais adeptos no país) tenha, de alguma forma, "contaminado" a maneira de tratar os evangélicos, mas acho exagero falar em perseguição. Houve, naturalmente, casos específicos, como a disputa com a Rede Record, que acaba respingando na Igreja Universal do Reino de Deus, e as denúncias recentes contra a Renascer. É claro que não se pode considerar a Rede Globo uma aliada, até porque ela não tem obrigação de ser. Além disso, pensando em termos bem comerciais, acredito que nem interesse à Globo perseguir um segmento que, a permanecer no ritmo atual, pode chegar a ser majoritário em mais algumas décadas.

Por que muitas das boas ações sociais praticadas pelas igrejas não são notícia?

Omar - Acredito que pelo mesmo motivo que mencionei na primeira resposta: essa é a nossa obrigação. Nenhuma mãe vira notícia porque alimenta o filho todo dia, da mesma forma que nenhum pastor deve se achar digno de protagonizar uma reportagem pelo fato de ser um bom cristão. É claro que a divulgação de trabalhos realizados de acordo com a nossa missão como cristãos poderiam incentivar outras iniciativas, mas aí entra uma questão histórica da imprensa, e não apenas a brasileira: a catástrofe, o crime, o escândalo chamam mais atenção e vendem mais ou proporcionam mais audiência. Há, ainda, outro fator que só depende de nós: os evangélicos, de modo geral, não sabem se relacionar com a imprensa. Consequentemente, não sabem divulgar as boas realizações. E aí não se trata de uma questão de se vangloriar nas obras, que obviamente não têm valor celestial algum, mas de potencializar os resultados e o alcance de nossa missão por meio da divulgação de informações. Sem contar com o fato de que, quanto mais transparentes somos, mais confiança inspiramos.

O que explica o fato de um show sertanejo de 10-20 mil pessoas ser notícia enquanto um outro show gospel que reúne 1 milhão de pessoas nem sequer é mencionado pela imprensa? Falta divulgação do nosso lado?

Omar - Sim, até certo ponto, como mencionei na resposta anterior - apesar de achar difícil hoje em dia a imprensa ignorar um ajuntamento de 1 milhão. Mas há que se considerar outros fatores, como os mecanismos do marketing. Por exemplo, se um grupo como o Oasis vem ao país, ganha primeiras páginas de todos os suplementos de cultura e entretenimento dos jornais, espaços generosos nas rádios e TVs, na internet, mesmo que se apresente uma só vez em um ginásio para 20 mil pessoas. Um artista evangélico, por mais famoso que seja, não recebe o mesmo tratamento porque não é considerado celebridade. Algumas igrejas e empresas de orientação cristã estão tentando reproduzir esse sistema, e ainda não sei bem a serviço de qual interesse.

Qual deve ser a postura e a estratégia das igrejas para conseguir espaço nos veículos de comunicação?

Omar - A primeira atitude deve ser a transparência. Temos de assumir nossas virtudes, mas também nossas mazelas - talvez seja até interessante que nos humanizemos mais e, assim, nos identifiquemos com o próximo, como Jesus fez. Se uma igreja ou denominação tem coisas a esconder, a imprensa desconfia. E pensando bem, nós mesmos deveríamos desconfiar. Não somos empresas para termos segredos industriais ou corporativos. É claro que há informações de consumo interno, mas existem outras que, se estiverem de acordo com a lei e, sobretudo, com a missão, não precisam ser sonegadas. O segundo passo é a divulgação do trabalho da igreja na comunidade onde está instalada, o bairro, a região, a cidade. As pessoas precisam conhecer o que aquela igreja tem para oferecer, e isso só acontece quando a igreja se manifesta. O passo seguinte é estabelecer diálogo com os veículos de comunicação, como jornais (incluindo os do bairro), rádios, TVs. É importante deixar claro ao jornalista que ele pode pensar na igreja como uma referência ao abordar não só questões de fé, como de engajamento, de participação social, de ações afirmativas. Leva tempo, mas as igrejas, denominações e lideranças que fazem isso ganham o respeito da imprensa.

Toda igreja deveria ter um assessor de imprensa? Em que situações ele é necessário? Seria ele o responsável por “defender” a imagem da igreja?

Omar - Não necessariamente, até porque a maioria delas não tem demanda para ter um assessor. Mas algumas precisam, pois a necessidade de um assessor de imprensa é proporcional à presença dessa igreja na mídia - e falo não apenas da mídia convencional, mas também a do próprio segmento. O trabalho de um assessor é necessário, por exemplo, quando uma igreja está realizando um forte trabalho social em uma comunidade carente que está chamando a atenção da imprensa, ou durante uma programação de grande porte. Há, naturalmente, o que se costuma chamar "administração de crises", quando o assessor se torna a voz da igreja, organização ou denominação em um momento delicado. Mas o bom assessor não é necessariamente o que defende a sua organização de maneira inconsequente, e sim o que consegue administrar esse relacionamento com a imprensa de maneira que seja estabelecida a confiança mútua: a organização entende e apóia o trabalho dos jornalistas que, por sua vez, respeitam e dão espaço às manifestações da organização.

Que técnicas ou ferramentas um assessor de imprensa (contratado ou free-lancer) pode utilizar para trabalhar a imagem da igreja?

Omar - Em geral, assessores de imprensa são jornalistas formados, alguns deles com anos de experiência "do lado de lá", isto é, dentro de jornais, e por isso conhecem as demandas de seus colegas de profissão. Dependendo da organização para a qual trabalham, podem se valer de informativos impressos e virtuais, distribuição estratégica de releases e avisos de pauta etc. Mas é importante ressaltar que qualquer igreja ou organização pode preparar equipes internas para fazer um ótimo trabalho de divulgação e relacionamento com a imprensa, mesmo que não disponha de um assessor. É uma questão de treinamento, de orientãção. Estou preparando um seminário sobre o tema que pretendo ministrar a igrejas e organizações que tenham interesse em potencializar sua comunicação interna e externa.

Que conselhos você daria para líderes e pastores que não sabem como se relacionar com os veículos de comunicação?

Omar - É difícil resumir tudo aqui em um parágrafo já que é preciso abordar a questão de maneira ampla e oferecer instrumentos e mecanismos práticos para atingir esse e outros objetivos. Mas não poderia deixar de dar um conselho: não temam a imprensa, pelo contrário, tentem estabelecer um diálogo, uma relação de confiança.


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