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quinta-feira, 23 de outubro de 2008

As 7 Igrejas da Ásia - Éfeso

Olá Pessoal! Em nossa Escola Bíblica Dominical na PIB Jandira, estamos estudando a revista "Eis que Venho Sem Demora" da Editora Cristã. Para complementar o material, estarei publicando artigos a respeito das cidades relacionadas na revista como as 7 igrejas de apocalipse. Começo hoje com o a cidade de Éfeso.

Era a cidade mais importante da província romana da Ásia, na costa ocidental do que atualmente é a Turquia asiática. Ficava situada na desembocadura do rio Caister, entre as serras montanhosas do Coressos e o mar. Uma magnífica estrada com 22 metros de largura, e ladeada por colunas, atravessava toda a cidade até o ótimo porto, que servia tanto como grande centro exportador, no fim da rota de caravanas vindas da Ásia, e também como escala natural para quem viajava para a capital do império.





A cidade, atualmente desabitada, continua sendo escavada e é provavelmente a maior e mais impressionante ruína da Ásia Menor. O mar fica hoje em dia a cerca de 11 quilômetros de distância, devido ao processo de depósito de lama que vem tendo progressão através de séculos. O porto teve de passar por extensas operações de drenagem durante o reinado de Domiciano; talvez por esse motivo é que Paulo teve de parar em Mileto (At 20:15).

A parte principal da cidade, com seu teatro, bandos públicos, bibliotecas, mercado e ruas calçadas de mármore, fica entre a penedia do Coressos e o Caister; porém, o templo que se tornou famoso, fica a dois quilômetros e meio para o nordeste. Esse local era originalmente consagrado para a adoração à deusa anatoliana da fertilidade, e depois para a adoração de Artêmisa ou Diana; Justiniano mandou edificar uma igreja a S. João naquele mesmo local (o que explica seu nome moderno, Ayasoluk - uma corrupção de hagios theologos), que por sua vez foi substituída por uma mesquita persa.


O povoado anatoliano original foi aumentado, no século XII A.C., or colonos jônicos, e uma cidade conjunta foi erguida. A deusa de Éfeso adquiriu um nome grego, Artêmisa, porém, teve claramente suas características primitivas, pois ela é sempre representada como uma figura dotada de muitos seios. Em 560 A.C., Éfeso foi conquistada por Croeso, e à sua munificência devida uma boa parte de suas futuras glórias artísticas. Porém em 557 A.C., a cidade foi capturada pelos persas, e dali por diante teve uma história diminuta, até 133 A.C., quando passou a fazer parte do reino de Pérgamo, que Atallo III terminou entregando para Roma. Pérgamo continuou sendo a capital titular da província da Ásia que foi então formada, porém, Éfeso também continuou a ser a cidade mais importante. Ocupava uma vasta área, e sua população tem sido calculada em um terço de milhão. O mais excelente teatro, erigido sobre o monte Piom, no centro da cidade, era enorme. As estimativas de sua capacidade variam entre 25.000 e 50.000 espectadores.

A importância tanto religiosa como comercial da cidade, aumentou sob o domínio romano. O culto ao imperador, encorajado pelos Júlios-Cláudios, não era negligenciado em Éfeso, e templos foram erguidos em honra a Cláudio, Hadriano e Severo. Moedas e inscrições demonstram que a cidade orgulhava-se em ser uma neokoros ou santuário, tanto de Artêmisa (At 19:35) como dos imperadores. A função da comuna da Ásia era primariamente fomentar o culto imperial, e é interessante que alguns os seus oficiais (asiarchoi, At 19:31) tivessem sidos amigos do apóstolo Paulo, que natualmente, se opunha fortemente ao culto ao imperador.


O templo da própria Diana foi reedificado após um grande incêndio, em 365 A.C., e se situava como uma das maravilhas do mundo antigo, até sua destruição pelos godos, em 260 D.C. Depois de muitos anos de pesquisas recentes, J. T. Wook, em 1870, desenterrou os remanescentes desse templo nos pantanais ao pé do monte Ayasoluk. Tinha quatro vezes mais o tamanho do Partenom de Atenas, e era adornado com obras de arte por mestres tais como Fídias, Praxíteles e Apeles. O templo continha uma imagem da deusa Artêmisa que, segundo afirmavam, havia caído do céu (cf At 19:35). De fato, é bem provável que originalmente tivesse sido um meteoro. Moedas de prata, de muitos países diferentes, mostram a validade da afirmação que a deusa de Éfeso era reverenciada pelo mundo inteiro (At 19:27). Trazem a inscrição Diana Ephesia (cf At 19:34).

Havia uma numerosa colônia judaica em Éfeso, e os judeus desfrutavam ali de privilegiada posição durante o início do império (Josefo, Antinguidades xiv. 10.12,25). O Cristianismo provavelmente chegou a Éfeso trazido por Áquila e Priscila, em c. de 52 D.C., quando Paulo fez então uma breve visita ali, por ocasição de sua segunda viagem missionária (At 18:18,19) e ali os deixou. Sua terceira viagem missionária tinha Éfeso como alvo, e ali permaneceu durante mais de dois anos (At 19:8,10), sem dúvida atraído pela sua posição estratégica como centro comercial, político e religioso. Perto do fim de sua permanência ali, a propagação do Cristianismo, que rejeitava sincretizar-se, começou a incorrer cada vez mais na hostilidade da parte daqueles cujos interesses religiosos eram ameaçados. Começou a afetar não somente os cultos mágicos que ali floreciam (At 19:13 e segs. - uma certa espécie de fórmula mágica era realmente chamada de Ephesia grammata), mas também a adoração a Diana (At 19:27), causando severa queda na venda das figurinhas votivas e objetos de culto que formava uma parte da prosperidade de Éfeso. Seguiu-se então o célebre levante descrito no décimo nono capítulo de Atos. As incrições mostram que o grammateus que conseguiu controlar a população, naquela ocasião, não era meramente um ´tesoureiro´, porém, o principal oficial da cidade, diretamente responsável perante as autoridades romanas por tais quebras da paz com as reuniões ilícitas (19:40). Tem sido sugerido que sua afirmação que ´há audiências e procônsules´ (19:38), se não é um plural generalizador, pode fixar a data do acontecimento em foco com alguma precisão. Pois, no outono de 54 D.C., o procônsul M. Julius Silvanus, foi envenenado por dois emissários enviados por Nero(Tácito, Anais xiii.1), Hélio e Celer, que passaram a agir como procônsules até a chegada do sucessor de Silvanus, no início do verão de 55 D.C.

Lucas nos fornece alguma informação quanto aos detalhes da permanência de Paulo em Éfeso. Durante esse período o Cristianismo espalhou-se com igrejas pelo vale do Lico (vd Cl 1:7; 2:1). Foi a sede missionária de Paulo durante a correspondência que manteve com Corinto (1Co 16:8), e é bem possível que foi em Éfeso que teve de combater contra as feras, se 1Co 15:32 tiver de ser compreendida literalmente. Entretanto, visto não haver anfiteatro em Éfeso, e visto que Paulo era cidadão romano, é mais provável que nessas palavras tenhamos uma alusão metafórica. G. S. Duncan (St. Paul's Ephesian Ministry, 1929) sustenta que Paulo foi aprisionado por três vezes em Éfeso, e que todas as chamadas epístolas do cativeiro foram escritas ali, e não em Roma. Ele é acompanhado nessa opinião por E. J. Goodspeed (History of Early Christian Literature, 1942), e por C. L. Mitton (Formation of the Pauline Corpus, 1955), que igualmente reputa Éfeso como provável localização do corpo paulino de epístolas. Percontra, vd C. H. Dodd, BJRL, XXIV, 1934, págs. 72 e segs.

Depois da partida de Paulo, Timóteo foi deixado em Éfeso (1Tm 1:3) e imediatamente teve de enfrentrar e tratar da questão do ensino falso (At 20:29, 30; 2Tm 4:3, etc.). Muitos pensam que o capítulo décimo sexto de Romanos foi endereçado por Paulo a Éfeso. Ainda que isso talvez tenha sido verdade, a cidade ouco depois se tornou sede do apóstolo João, que exercia jurisdição sobre as sete igrejas principais da Ásia Menor, endereçadas no livro de Apocalipse. A identidade desse João é vigorosamente disputada, mas, seja como for, no tempo em que foi escrito o livro de Apocalipse a igreja de Éfeso (Ap 2:1-7) continuava apresentando muito do mesmo quadro que percebemos em Atos; dentre as sete igrejas ela é a primeira a ser endereçada por causa de sua importância e de sua posição como cabeça (para alguém que viesse de Patmos) da estrada circular que ligava essas sete cidades; florescia, era perturbada or mestres falsos, e habia perdido algo do seu primeiro amor. A promessa que o vencedor se alimentaria ´da árvore da vida´ provavelmente era uma referência indireta à tamareira, árvore sagrada de Artêmisa, e que aparece nas moedas de Éfeso.

De conformidade com Irineu e Eusébio, Éfeso se tornou lar de João, o apóstolo, e registram alguns poucos incidentes que teriam ocorrido durante sua reidência ali. Uma geração mais tarde, Inácio escreveu a respeito em termos candentes (Efésios, 11), e durante muito tempo foi sede de uma longa linhagem de bispos orientais. O terceiro Concílio Geral teve lugar ali, em 431 D.C., quando foi condenada a cristologia nestoriana, e se reuniu na dupla igreja de Sta. Maria, cujas ruinas ainda podem ser vistas. Pouco depois a cidade declinou em importância, provavelmente por causa da malária; suas finíssimas esculturas foram removidas para outros lugares, notavelmente paa Constantinopla, e, no século XIV D.C., os turcos levaram dali os habitantes restantes.

Bibliografia. W. M. Ramsay, The Letters to the Seven Churches, 1909, e The Historical Geography of Asia Minor, 1890; J. T. Wook, Modern Discoveries on the Site of Ancient Ephesus, 1890; A. H. M. Jones, Eastern Cities of the Romam Empire; D. G. Hogarth, Escavation at Ephesus: The Achaic Artemisia. Pauli-Wissouwa s.v. Ephesus. Quanto a escavações recentes, vd M. J. Mellink, AJA, 1958, págs. 91-104, e também Forschunger in Ephesus, III, 1923-53, O Novo Dicionário da Bíblia J. D. Douglas, e fotos de domínio público da internet.

Um comentário:

Cristiane C. disse...

Parabéns pela matéria.Muito explicativa.Obrigada por dividi-la conosco.