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quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Caim, Abel e Saramago



Eu sou mais a Bíblia. Abri os jornais hoje e me deparei com diversas notas sobre o escritor português, Nobel de Literatura, que lançou mais um polêmico romance baseado nas histórias bíblicas. Agora foi a vez de Caim. O livro gerou alvoroço entre diversos segmentos cristãos e judeus ao recontar a história narrada em Gênesis com uma releitura bem distorcida sobre quem Deus é. Não entro aqui no mérito de seu conteúdo, já que não li o romance (e sinceramente não faço questão) e segundo porque o maior acusado não se importa muito com isso. Só ressalto que, por mais que Saramago tornou-se um dos mais expoentes escritores do século, ele ainda está muito aquém do conhecimento do coração dos homens do que Aquele que o criou. Infelizmente, tampouco O conhece.

Instigada pela história, parei para ler Gênesis 4, o capítulo que versa sobre os dois irmãos e o primeiro homicídio. Abel era um pastor, e ofereceu a Deus o seu melhor sacrifício: trouxe os primogênitos de seu rebanho. Caim, por outro lado, escolheu deliberadamente frutos comuns de seu trabalho como sua oferta. Mais do que os objetos escolhidos de forma diferente, percebemos corações diferentes. Um aprovado por sua devoção, o outro, não. Deus nunca se alegrou com ofertas desprovidas de amor, mas se inclina a corações voltados a Ele (Hebreus 10).

Ainda assim, vemos o falar de um Pai amoroso, que desejava conduzir a intenção de Caim para perto Dele: “- Se bem o fizeres, não é certo que serás aceito”? (Gn.4:8). Caim não atentou a estas palavras, mas alimentou a inveja e o ódio que finalmente culminaram no assassinato de seu irmão. Quantas vezes agimos da mesma forma? Não reconhecemos nossas intenções e erros e nos recusamos a aceitar o perdão, a restauração e as segundas chances de Deus. Ao invés disso, jogamos a culpa em alguém perto de nós: agredindo, caluniando, até os matando com nossas palavras e ações. Infelizmente, Caim escolheu trilhar esse caminho.

Não há o que ser dito, Saramago, ele foi culpado. Mas não é por isso que eu escolho ficar com a Bíblia. Escolho porque nela eu vi a opção do perdão. Nela, eu vi um Pai que se importa. Até vi que existem corações generosos e dispostos a dar o seu melhor. É isso o que eu escolho.

Mariana Ceruks
Relações Internacionais, voluntária do Ministério de Comunicação do Conexão Livre

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