O livro de Josué registra a invasão de Canaã pelos israelitas, bem como sua partilha entre as diversas tribos. O livro relata com detalhes como atravessaram o rio Jordão e estabeleceram uma cabeça de ponte, descreve de modo mais breve duas campanhas que quebraram o poder dos cananeus, e sumariza outros progressos militares de Israel. O relato de partilha inclui uma completa descrição do território de Judá, juntamente com comentários concernentes ao povoado dos queneus em Hebrom, e às dificuldades experimentadas ao norte de Manassés. É posta ênfase sobre a significação religiosa ligada com a invasão, as relações entre as tribos da Transjordânia para com o restante da nação, e o testamento espiritual de Josué, o pacto de Siquém.
Conteúdo Espiritual
A importância do livro de Josué para os crentes cristãos jaz principalmente na evidência que o mesmo provê acerca da fidelidade de Deus à Sua aliança (cf. Dt 7:7; 9:5,6), do desenvolvimento que registra sobre o propósito de Deus no tocante à nação de Israel, das razões que o mesmo apresenta para explicar o fracasso em levar avante o plano de Deus, do fracasso que já se tornava evidente (vd, por exemplo, 17:13; 18:3), e as analogias que podem ser tiradas no tocante ao discipulado cristão por causa das questões espirituais da fé, da obediência e da pureza, que, conforme o livro de Josué deixa claro, estavam em jogo por ocasião da invasão.
Israel, sob a liderança de Josué, demonstrou mais coragem do que sob a liderança de Moisés, mas não estava menos susceptível ao politeísmo e à religião natural (Nm 25; Dt 4:2,23). A determinação em extirpar os cananeus e sua religião era, portanto, algo de primária importância (cf. Gn 15:16; Êx 20:2-6; 23:23-33; 34:10-17; Nm 31:15 e segs.; Dt 7). Os israelitas ainda não podiam entender um tratamento redentor, enquanto que o contato diário com a cultura dos cananeus punha em perigo sua própria fé num Deus único e todo-poderoso, bem como seus padrões morais, conforme fica demonstrado pela continuação da história. Além disso, a salvação espiritual não podia ainda ser geralmente oferecida (como sob o Novo Testamento) antes que sua base judicial necessária tivesse publicamente estabelecida por ocasião da morte de Cristo; no entanto, vemos certa amostra no trato de Deus para com Raabe (cf. Hb 11:31). Em geral, podemos dizer que o propósito de Deus, naquele tempo não era ensinar princípios cristãos, mas antes, preparar o caminho para Cristo por intermédio de Israel.
Sendo crentes cristãos, devemos observar que as experiências de Israel na terra de Canaã e nos desertos, foram "escritas para advertência nossa" (1Co 10:11). Em particular, o tema principal do livro é que Deus concedeu descanso a Israel, o que seus pais incrédulos não haviam podido obter (cf. Sl 95:11). Em Hb 4:1-11 é demonstrado que isso foi um "tipo", isto é, o pincípio que o salmista aplicou em sua própria geração é igualmente válido para o crente do Novo Testamento, e a promessa é final e completamente cumprida (vers. 8) apenas no descanso que Deus nos proveu na Pessoa de Cristo (cf. J.N. Darby, Synopsis, I, pág. 328).
Extraído do Novo Dicionário da Bíblia - J. D. Douglas.
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