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quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Resultado de um discurso manipulador




Raquel Coimbra

Desde que Silas Malafaia e Morris Cerrulo lançaram a “campanha da Unção Financeira dos R$ 900,00”, diariamente, é possível assistir Malafaia, em seu programa de TV, comemorando o RESULTADO POSITIVO das arrecadações. Segundo ele, dívidas foram pagas, congressos foram realizados e etc e etc.

É bom refletir sobre esse resultado! O que levou Malafaia a lucrar tanto assim? A resposta não é tão difícil de ser encontrada. Na verdade, o lucro financeiro é resultado de um “discurso” extremamente MANIPULADOR.

Não há como negar que a principal ferramenta de trabalho dos falsos mestres sempre foi e continua sendo a linguagem.

Os mercenários da fé apresentam-se como “senhores” do saber, dotados de uma “revelação especial”, quando na verdade não passam de meros sujeitos da linguagem, que vivem a apresentar suas ideologias. Essas ideologias, por sua vez, são apenas vãs filosofias.

É perfeitamente dispensável realizar, neste momento, uma análise discursiva profunda, impregnada de citações lingüísticas, haja vista que o objetivo principal desta abordagem é promover a reflexão. O que se pretende aqui é permitir que pessoas, mesmo que não estejam habilitadas a realizar uma análise textual, sejam capazes de perceber que determinados elementos do discurso estão nitidamente presentes nas “falas” de Malafaia e Cerullo conforme o vídeo a seguir:




Um discurso (verbal ou escrito) pode conter inúmeros tipos de manipulação. No caso deste apresentado no vídeo é possível perceber, claramente, pelo menos três:


1) SEDUÇÃO

Silas: “ ‘Crede nos meus profetas e prosperareis’ é o que diz a Bíblia. Então, escute o que o homem de Deus está falando com você. Tenho certeza de que Deus vai mudar a sua história e a história de sua família, a história de negócios, de posições na sociedade. Isso é muito importante!”

Cerullo: “Nesses últimos dias eu tenho uma unção especial que eu vou liberar sobre o meu povo. Algo que eu nunca, jamais, fiz antes. Eu vou liberar sobre eles uma unção financeira! Eu quero te dizer hoje: algo que nunca aconteceu antes na tua vida vai acontecer aqui, hoje, neste programa. Eu vou pedir em poucos minutos para Deus liberar a unção financeira sobre a tua vida”.

Silas e Cerullo levam seus telespectadores a fazer algo (ofertar) porque manifestam um juízo positivo sobre a competência do público, ou seja, mostram as “vantagens” de realizar o que eles estão solicitando.


2) TENTAÇÃO


Cerullo: “Existe um telefone aí na tela agora mesmo. Se você quer que Deus te dê a unção financeira dos últimos dias, eu quero que você pegue esse telefone, quero que você faça um compromisso para você semear R$ 900,00.”

Notem a condição para receber: “ Se você...”. Neste caso, o manipulador Cerullo propõe aos telespectadores (manipulados) uma recompensa. Ele deixa claro que se quiser receber a “unção financeira” terá que ofertar R$ 900,00.


3) PROVOCAÇÃO

Cerullo: “E você diz: ‘Morris Cerullo, nunca fiz isso na minha vida’! Será que Deus já fez uma promessa a você e essa promessa não foi ainda cumprida? E você está sentado na poltrona da sua sala e diz ‘Sim, Deus tem feito promessas para mim, mas elas nunca foram cumpridas’!”

Mais uma vez Cerullo impele o público a ofertar. Porém, desta vez, ele exprime um juízo negativo a respeito da competência dos manipulados ao mencionar que existem “promessas que nunca foram cumpridas”.

Diante do que foi acima exposto, mais uma vez, fica evidente a enorme facilidade que o ser humano tem de se dobrar frente aos apelos sedutores, tentadores e provocadores. Por outro lado, as verdadeiras ovelhas que estão seguindo a Jesus Cristo não dão atenção aos discursos manipuladores, por mais intensos que eles sejam.
De qualquer forma, é muito melhor, mais vantajoso e mais saudável lembrar sempre das palavras de Jesus Cristo, nosso Mestre Amado:

“O porteiro abre-lhe a porta, e as ovelhas ouvem a sua voz. Ele chama as suas ovelhas e as leva para fora. Depois de conduzir para fora todas as suas ovelhas vai adiante delas e estas o seguem, por que conhecem a sua voz. Mas nunca seguirão um estranho; na verdade, fugirão dele, porque não reconhecem a voz de estranhos.” (João 10.3-5)


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Raquel Coimbra é professora e reside em Amparo/SP.

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