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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Profecias de Daniel

Esse importante volume apocalíptico provê o arcabouço básico da história dos judeus e dos gentios, desde o temo de Nabucodonosor até ao segundo advento de Cristo. A compreensão de suas profecias é essencial para que se possa interpretar corretamente o discurso de Jesus, no monte das Oliveiras (Mt 24 e 25; Lc 21), a doutrina de Paulo sobre o homem do pecado (2 Ts 2), e o livro de Apocalipse. O livro também se reveste de grande importância teológica em relação às suas doutrinas sobre os anjos e a ressurreição.


Entre aqueles que tomam o ponto de vista conservador sobre a data e a autoria do livro, existem duas escolas principais de pensamento na atualidade, concernente à interpretação das profecias ali contidas. Por um lado, alguns comentadores interpretam as profecias de Daniel sobre a grande imagem (2:31-49), sobre os quatro animais (7:2-27), e sobre as setenta semanas (9:24-27) como profecias que culminan na primeira vinda de Cristo e acontecimentos relacionados, pois encontram na Igreja, o novo Israel, o cumprimento das promessas feitas por Deus aos judeus, que seriam o antigo Israel. Assim sendo, a pedra que fere a imagem (2:34-35) apontaria para a primeira vinda de Cristo e o crescimento subsequente da Igreja. Os dez chifres da quarta fera (7:24) não seriam necessariamente, reis contemporâneos; o pequeno chifre (7:24) não representaria necessariamente um ser humano; e a frase 'um tempo, dois tempos e metade dum tempo' (7:25) deveria ser interpretada simbolicamente. Semelhantemente, as setenta semanas (9:24) são simbólicas; e esse período simbólico terminaria com a ascensão de Cristo, quando todos os seis alvos (9:24) por esse tempo já teriam sido cumpridos. Seria a morte do Messias que teria causado a cessação dos sacrifícios judaicos e da oblação, e 'o assolador' (9:27) se refere à destruição subsequente de Jerusalém, por Tito.




Outros comentadores, entretanto (incluindo este autor), interpretam essas profecias como profecias que culminam no segundo advento de Cristo, quando a nação de Israel voltará à proeminência dentro das relações de Deus com a raça humana. De acordo com essa interpretação, a grande imagem do segundo capítulo de Daniel representa o 'reino do mundo' dominado por Satanás (Ap 11:15) na forma de Babilônia, Média-Pérsia, Grécia e Roma, no qual caso Roma continuaria até o fimda presente dispensação de alguma maneira. Esse império ímpio finalmente culminará nos dez reis contemporâneos entre si (2:41-44; cf 7:24; AP 17:12), os quais serão destruídos por Cristo por ocasião de Sua segunda vinda (2:45). Cristo então estabelecerá Seu reino sobre a terra (cf Mt 6:10, AP 20:1-6), o qual se tornará em 'grande montanha' que encherá 'toda a terra' 2:35.




O sétimo capítulo de Daniel retrata as mesmas quatro monarquias na forma de animais ferozes, sendo que o quarto (Roma) produzirá dez chifres correspondentes aos dez dedos da imagem (7:7). Há certo progresso a partir do segundo capítulo, entretanto, visto que o anticristo é então introduzido como um décimo primeiro chifre que arranca três dos outros chifres e persegue aos santos por 'um tempo, dois tempos e metade dum tempo' (7:25). Que essa frase significa três anos e meio, pode ser visto mediante comparação de Ap 12:14 com 12:6 e 13:5. A destruição do anticristo, em quem o poder das quatro monarquias e dos dez reis finalmente se concentrará (Ap 13:1,2; 17:7-17; cf Dn 2:35) será realizada por Alguém que se parece 'Filho do homem' (Dn 7:13), o qual também virá 'sobre as nuvens do céu' (cf Mt 26:64; Ap 19:11 e segs.).




O 'chifre pequeno' de Dn 8:9 e segs., não deve ser identificado com o de 7:34 e segs. (o anticristo), visto que não emergirá das quatro monarquias, e, sim, de uma divisão do terceiro. Historicamente, o pequeno chifre de Dn 8 foi Antíoco Epifânio, o perseguidor selêucida de Israel (8:9-14). Profeticamente, no ponto de vista pessoal do autor, esse pequeno chifre representa o rei escatológico do norte que se oporá ao anticristo (8:17-26; cf 11:40-45).


A profecia das setenta semanas (9:24-27) evidentemente é de crucial importância para a compreensão da escatologia bíblica. O presente escritor acredita que os setenta setes de anos devem ser contados a partir do decreto baixado por Artaxerxes I de reconstruir Jerusalém, em 444 A.C. (Ne 2:1-8), e devem terminar com o estabelecimento do reino milenar (9:24). Parece claro que um vazio ou hiato separe o fim da semana sescenta e nove do inicio da semana setenta (9:26), pois Cristo colocou a abominação da desolação no fim mesmo da presente dispensação (Mt 24:15, no contexto; cf Dn 9:27). Tais hiatos proféticos não são incomuns no Antigo Testamento (exemplo, Is 61:2; cf Lc 4:16-21). Assim sendo, a septuagésimasemana, de conformidade com os dispensacionalistas premilenistas, é um período de sete anos que precederá imediatamente o segundo advento de Cristo, durante o qual tempo o anticristo se levantará para dominar o mundo e perseguir aos santos.


Daniel 11:2 e segs. prediz o levantamento de quatro reis persas (o quarto sendo Xerxes); Alexandre, o Grande; e diversos reis selêucidas e ptolemaicos, que culminam em Antíoco Epifânio (11:21-32), cujas atrocidades provocaram as guerras dos Macabeus (11:32b-35). O versículo 35b é considerado como aquele que prevê a transição para os tempos escatológicos. Primeiramente, o anticristo surge em vista (11:36-39); e então o rei final do norte, o qual, segundo alguns eruditos premilenistas, esmagará temporariamente tanto o anticristo como o rei do sul, antes de ser sobrenaturalmente destruído nas montanhas de Israel (11:40-45; cf Jl 2:20; Ez 39:4-17). Nesse ínterim, o anticristo ter-se-á recuperado de deu golpe fatal, e dará início a seu período de dominação mundial (Dn 11:44; cf Ap 13:3; 17:8).


A grande tribulação, que se prolongará por três anos e meio (Dn 7:25; Mt 24:21), começará com a vitória do arcanjo Miguel sobre os exércitos celestiais de Satanás (Dn 12:1; cf Ap 12:7 e segs.), e terminará com a ressurreição corporal dos santos e da tribulação (Dn 12:2,3; cf Ap 7:9-14). Embora o período da grande tribulação tenha a duração de apenas 1.260 dias (Ap 12:6), um período adicional de trinta dias parece ser exigido para a purificação e a restauração do Templo (Dn 12:11), e ainda um outro período de quarenta e cinco dias antes que seja experimentada a plena bênção do reino milenar (12:12).


Bibliografia. R. D. Wilson, Studies in the Book of Daniel, I, 1917, II, 1938; J. A. Montgomery, The Book of Daniel, ICC, 1927; R. P. Dougherty, Nabonidus and Belshazzar, 1929; H. H. Rowley, Darius the Mede and the Four World Empires in the Book of Daniel, 1935; C. Lattey, The Book of Daniel, 1948; E. J. Young, The Prophecies of Daniel, 1949; H. D. Culver, Daniel and the Latter Days, 1954; E. W. Heaton, The Book of Daniel, 1956; J. C. Whitcomb Jr., Darius the Mede, 1959.

J.D. Douglas - O Novo Dicionário da Bíblia.

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