Dia destes, estava fuçando a rede atrás de algum novo vídeo ou texto
do Dr. Russell Shedd -sempre uma oportunidade de aprender mais ouvindo
um servo que vive o que prega. Achei esta entrevista concedida ao mano
Oziel Alves em 2006. Não sei das circunstâncias da entrevista, creio que
se deu após um seminário realizado no Rio Grande do Sul, já que o Oziel
é cria dos pampas... Enfim, não consegui confirmar com ele.
Se já como for, ontem fui com o Rubinho visitar a comunidade
pastoreada pelo Ariovaldo Ramos – outro E.T. (extra terrestre, cidadão
dos céus, de passagem...) que vive o que prega – e depois fomos dividir
uma pizza. Conversa vai, conversa vem... O assunto toma o rumo da
apologética e logo o Rubinho (só o Rubinho, eu me converti e agora vivo escandalizado) desanda a fazer piadas acerca destes malucos da teologia da prosperidade a quem ele tanto admira, risos: “apóstolos modernos e suas bíblias maravilhosas” e coisa e tal.
E já chegando à porta da Speranza, entre gargalhadas, reparto com eles as declarações do Dr. Shedd acerca destes assuntos, dadas nesta entrevista pouco conhecida. Fica até difícil imaginar o constrangimento de um “malafaia da vida” tendo de ouvir de um cristão da estirpe do Dr. Shedd, nos seus mais de oitenta anos de servo fiel e imitador de Cristo, as desconcertantes declarações abaixo. Seja como for, se deu, ou não, para o Malafaia... Ou vai ele ter de ouvir mais tarde de Cristo, eu não sei. Mas pra gente, foi coisa para fechar o assunto de vez e partirmos para a pizza, risos.
Oziel Alves - Como o senhor se sente tendo uma bíblia com o seu nome?
SHEDD – Bastante constrangimento e até vergonha, porque eu não
autorizei que utilizassem o [meu] nome. Quando eu sai da [editora] Vida
Nova, passei para um senhor, [chamado] Dr. Alan, que não está mais no
país. Ele logo começou a reformular a Bíblia Vida Nova e a transformá-la
na Bíblia Shedd. Ele me falou antes de colocar o nome que iria colocar o
[meu] nome, e eu disse: Não, você não pode fazer isso! Não autorizei.
Mas, quando saiu já estava o nome lá, e não somente em letras
pequeninhas, lá embaixo, mas, em letras enormes (risos). É um constrangimento constante, meu irmão.
Teologia da prosperidade. Hoje pela manhã, o senhor falou que se
um crente quer prosperidade, então deve pedir um câncer a Deus. Em
outras palavras o senhor quis dizer "morte com salvação é a verdadeira
prosperidade”. Foi isso mesmo ou não entendi bem?
Não, foi isso mesmo! (risos). Quero dizer a prosperidade que a bíblia
garante para os crentes é na vida vindoura, é nos galardões que à
receberemos. Paulo diz em II Coríntios 4, que a "Glória futura está
diretamente ligada ao sofrimento nesta vida". Se a gente quer glória na
vida vindoura, [devemos] esperar sofrimento nesta vida, especialmente, o
sofrimento da perseguição. [II Coríntios 4:16]. Deixe me ler este
versículo porque eu creio que os leitores vão querer saber o que a
bíblia diz, exatamente, sobre prosperidade. "Por isso, não desanimamos,
embora, exteriormente estejamos a desgastarmos, interiormente estamos
sendo renovados dia após dia. Pois os nossos sofrimentos leves e
momentâneos (e Paulo sofreu muito, nós não chamaríamos de leves) estão
produzindo para nós uma "glória eterna que pesa mais do que todos eles.
Assim, fixamos os olhos não naquilo que se vê, mas no que não se vê,
pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê, é eterno".
Até onde esta teologia da prosperidade terrena é saudável?
Explicando melhor, todos nós queremos alguma coisa. Um carro novo, uma
casa maior, um emprego melhor... mas afinal de contas, pedir estas
coisas para Deus, é saudável?
Seria saudável apenas se pudessemos glorificar a Deus mais. A ordem
bíblica é que a glória de Deus está vinculada a tudo que nós fazemos, ou
deveria estar. Então, quer bebamos, quer comamos ou façamos outra coisa
qualquer, façamos para a Glória de Deus. Qualquer benefício ou vantagem
que Deus nos dá nesta vida seria justamente para nós glorificarmos a
Deus, mais. Só que muitas vezes nós fazemos o contrário.
Não é para usufruirmos destes benefícios, então?
É para nós glorificarmos à Deus, naturalmente, abençoando outras
pessoas. Porque se é para fazermos boas obras, se é para abençoarmos
pessoas, se é para sustentarmos missionários, é preciso alguém ou alguma
coisa para fazer isso. Portanto o que nos beneficia e nos abençoa seria
re-utilizado para glória do Senhor.
Sobre apóstolos modernos
Bem, a bíblia nos fala de dois tipos de apóstolos. O problema é o
significado desta palavra. [Apóstolo] significa o que tem plena
autoridade da pessoa que lhe enviou. Apóstolo é enviado. Portanto quando
Paulo diz: "Eu sou apóstolo de Jesus Cristo", ele esta dizendo, que tem
autoridade para falar em nome de Cristo. Então, qualquer pessoa, hoje,
que se intitula apóstolo esta se colocando na posição do Papa. Está
falando no lugar de Cristo. Já que esta não é a idéia que alguns destes
apóstolos tem, talvez não tenham estudado o significado da palavra;
talvez eles estão pensando que são apóstolos do tipo de (EPAFRODITO). [
Filipenses 2:25 ] Esta palavra fala do apostolo da igreja de Filipos.
Então tem esse dois tipos. Talvez esses são apenas apóstolos de igrejas,
tem a autoridade da igreja, ou autorização para falar em nome da igreja
deles, não de toda a igreja de Cristo, obviamente, mas só deles.
Sobre Russell SheddNasceu na Bolívia, foi criado nos Estados Unidos e tem passagem por diversos outros países como Alemanha, Inglaterra, Portugal, Escócia etc, onde estudou, ministrou palestras ou desenvolveu algum trabalho na obra de Deus. Formou-se em teologia no ano de 1949 pelo Wheaton College, fez mestrado em estudos do novo testamento no Faith Seminary, em Philadephia e aos 25 anos adquiriu o título de Ph.D em Novo Testamento pela Universidade de Edimburgo na Escócia. Casou-se em 1957, e teve 5 filhos. Lecionou na Faculdade Teológica Batista de São Paulo. Fundou a Editora Vida Nova há mais de 40 anos e atualmente é consultor da Shedd Publicações. Dr. Russel Shedd é também missionário da Missão Batista Conservadora no Sul do Brasil desde 1962. Tem colocado seu pensamento a disposição do público através da boa literatura que não pode faltar na biblioteca de um bom leitor. Entre suas obras publicadas estão A Justiça Social e a Interpretação da Bíblia, Disciplina na Igreja, A Escatologia do Novo Testamento, A Solidariedade da Raça, Justificação, A Oração e o Preparo de líderes cristãos, Fundamentos Bíblicos da Evangelização, Teologia do Desperdício e Criação e Graça: reflexão sobre as revelações de Deus.
Leia a íntegra da entrevista AQUI.
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