O mês de junho é caracterizado pelas Festas Juninas. Para uns é uma manifestação cultural, onde se exalta os costumes caipiras. Isso é um pouco contraditório, pois ninguém gostaria de ser chamado de “caipira”. Para outros é uma festa religiosa em homenagem a São João. Mas há outra questão em jogo: é nessas comemorações que se evidencia a hipocrisia na educação.
As Festas Juninas normalmente são organizadas por entidades educacionais e religiosas (Igrejas), que o fazem para arrecadar fundos para sua subsistência, ao fazer isso elas se distanciam do seu propósito que é educar de forma contínua, dentro e fora da sala de aula. Uma educação integral é que se espera das entidades educacionais e dos educadores.
Segundo o escritor James S. Spiegel o termo “hipocrisia” vem do grego hypokrisia (encenar um papel no palco), e é geralmente definida como o “fracasso em praticar aquilo que se ensina”. Sobre isso o próprio Jesus disse certa vez aos Fariseus e Mestres da Lei: “Assim são vocês: por fora parecem justos ao povo, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e maldade” (Mateus 23.28). Ao todo Jesus pronuncia oito vezes a expressão “ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas”.
A hipocrisia na educação se revela no fato de que, em certos casos o discurso não condiz com a prática. Se uma entidade educacional promove um evento no qual ela disponibiliza bebidas alcoólicas, e porque não dizer, incentiva o seu consumo; com que autoridade esta mesma entidade educacional poderá conscientizar os jovens e adolescentes que as drogas fazem mal a saúde?
Toda entidade educacional tenta “educar contra as drogas” através de palestras, testemunhos de ex-viciados, textos de reflexão, etc., mas às vezes essa entidade se esquece que este discurso precisa ser visto pelos educandos nas ações práticas. Por isso, ela deveria ser a primeira a erguer a bandeira contra a comercialização e uso de bebidas alcoólicas, principalmente onde houver a presença de crianças e adolescentes.
É do senso comum que o álcool e o cigarro, assim como os remédios, são chamados de “drogas permitidas”. Muitas das vezes, a criança que viu ou provou de uma bebida alcoólica numa Festa Junina, será o adolescente ou jovem que hoje está fazendo uso de álcool nas baladas, muitas vezes livre da fiscalização dos órgãos competentes. Não é difícil verificar a venda de bebidas alcoólicas para menores de idade, ato este que segundo a lei é proibido.
A criança que cresce num ambiente permeado por bebida alcoólica, e chega à adolescência com liberdade para consumi-la, é um sério candidato a se tornar dependente. Para evitar isso é preciso combater a raiz do problema, ou seja, “educar a criança contra o álcool” com palavras e ações práticas. Esta tarefa não é só das entidades educacionais, mas da família, da sociedade e das autoridades públicas.
Pr. Elias Colombeli
Igreja Batista do Morumbi
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