Danilo Fernandes
Com
a impressionante popularização das competições de artes marciais
mistas, o MMA, em especial o famoso UFC - Ultimate Fighting Championship
pululam artigos de pastores avaliando a conveniência do envolvimento do
cristão nesta atividade esportiva, seja como participante ativo ou mesmo como torcedor.
A maior parte das opiniões defendendo a inconveniência
da associação do cristão com esta atividade violenta é sustentada no
âmbito comportamental, atropelando a liberdade cristã, no bom estilo da “câmara legislativa draconiana evangélica”.
O que é uma pena, pois se perde a oportunidade de confrontar a situação
de forma bíblica e ainda reforça a sensação geral entre os jovens de
que a ingerência da liderança cristã nesta matéria é mais uma tentativa
de imposição de regrinhas religiosas.
Já as opiniões favoráveis
ao MMA estão tão obviamente contaminadas com o gosto pessoal dos
formuladores que não resistem a uma observação mais imparcial. Há quem
encontre honra, disciplina, cooperação, fortalecimento de caráter,
nobreza e até arte na modalidade. Cada um enxerga com a lente que lhe
apraz...
Para piorar, muitos defensores evangélicos do esporte insistem em dois caminhos igualmente perigosos: (1) Buscam o testemunho de lutadores famosos declaradamente evangélicos e reforçam o seu argumento baseado em uma construção marqueteada da imagem do esportista de Cristo, um pé na idolatria; ou (2) fazem pior e admitem a extrema violência do esporte fazendo uso do princípio de “São Maquiavel”, de que os fins justificam os meios, vaticinando algo do tipo: “É preferível que um atleta perca um pouco de sangue no octógono do que ele perder a vida para as drogas ou para a criminalidade"; “Os campeonatos e combates atraem jovens e ajudam no evangelismo”; entre outras questões onde uma atitude inconveniente a um cristão é a moeda de troca para um benefício evangelístico ou social.
Para piorar, muitos defensores evangélicos do esporte insistem em dois caminhos igualmente perigosos: (1) Buscam o testemunho de lutadores famosos declaradamente evangélicos e reforçam o seu argumento baseado em uma construção marqueteada da imagem do esportista de Cristo, um pé na idolatria; ou (2) fazem pior e admitem a extrema violência do esporte fazendo uso do princípio de “São Maquiavel”, de que os fins justificam os meios, vaticinando algo do tipo: “É preferível que um atleta perca um pouco de sangue no octógono do que ele perder a vida para as drogas ou para a criminalidade"; “Os campeonatos e combates atraem jovens e ajudam no evangelismo”; entre outras questões onde uma atitude inconveniente a um cristão é a moeda de troca para um benefício evangelístico ou social.
O legalismo e a santidade
Eu
não vejo proveito em regrinhas de religiosos – os tais usos e costumes.
Se houve boa intenção um dia, no geral, há ali um entulho que não mais
se sustenta na Palavra, mas no entendimento humano, na agenda
institucional do fariseu, do legalista, do hipócrita. E, como todo
entulho jogado no caminho, atrapalha mais aos que querem entrar, do que
aqueles que já estão dentro e bem acostumados com o “lixo de casa”,
portanto, entulho legalista desserve à evangelização.
O
legalista não está satisfeito com os padrões da justiça de Deus. Ele
quer fazer melhor que o Senhor e legisla ele mesmo, segundo as suas
próprias aspirações religiosas e pessoais. Em geral, proíbe o que Deus
permite e muitas vezes permite o que Deus proíbe. Para os outros, nunca
para si! A sua vida pessoal não resiste a um escrutínio superficial.
Chafurdado na lama, tristemente, ainda dorme o sono tranquilo embalado
pelo grande ansiolítico da humanidade: a hipocrisia religiosa. O santo Rivotril espiritual
que escurece todos os espelhos refletindo a sua alma. Quem não se vê,
não pode se confrontar. Já confrontar os outros, é sempre fácil!
Tudo
isto é muito diferente do percurso da santidade de todo o cristão
sincero - uma escolha do Espirito que habita em nós. É Dele que emana a
força e a vontade de estar neste caminho pedregoso. Uma vereda difícil,
marcada pelos os percalços da tentação, o cambalear de nossos pés sem
força, talhados, dada a nossa natureza caída, para o andar irresponsável
do caminho largo.
Só podemos contar com o sustento do Senhor e a Sua Graça. Como disse F.F. Bruce: “A santificação é o começo da glória e a glória é a santificação completada.” Portanto, nós, os escolhidos, todos chegaremos lá, iremos perseverar, mas não sem dor, como alertou John Charles Ryle: “Não há santidade sem luta”.
A regra de fé e prática
Feita
esta introdução, sempre que colocado diante de uma situação deste tipo –
deve o cristão ir a tal tipo de festa, beber isto ou aquilo, praticar
tal esporte, ir a tais lugares, etc. - persigo a resposta na única fonte
possível, no livro que é a minha regra de fé e prática. Fujo dos
legisladores da igreja.
No
presente caso, não encontrei uma única referência, bem interpretada,
contextualizada proibindo o cristão de práticar ou dar assistência a
este esporte violento. Portanto, não admoesto o irmão que pratique a luta ou assista aos combates. Entendo que esta é uma questão de liberdade cristã.
Todavia, precisamente na linha da liberdade cristã,
encontro um paradoxo aplicável àqueles dando fruto da presença do
Espírito Santo em suas vidas - ou seja, os salvos. Um paradoxo, para o
qual, eu gostaria que os admiradores evangélicos desta selvageria
oferecessem uma explicação, uma possibilidade conciliatória entre a
presença da obra do Espírito e a defesa da não malignidade deste
espetáculo.
Os
combates do MMA são violentos, os contendores estão irados – muitas
vezes em sua cólera, não demostram domínio próprio (muito menos
misericórdia) e seguem massacrando os adversários, mesmo quando estes
estão desacordados. Na plateia, não se vê alegria, mas domina a ira, a
discórdia, as palavras torpes. Quem está de fora, bebe do mesmo balde de
cólera dos que estão dentro, recebe a sua porção entre os jorros de
sangue que inundam o piso.
Comparar esta arena de gladiadores com as artes marciais clássicas é malicioso. Eu pratiquei judô por anos e em nada este se compara a isto. No judô aprendi disciplina e domínio próprio. Aprendi cautela, observação, respeito ao próximo e a usar a força do oponente para a minha própria defesa. Nunca me machuquei e nem feri ninguém. O momento mais perigoso que vivi no tatame foi quando ao imobilizar um gordinho, que tinha acabado de almoçar, fui vítima de um vazamento encanado de metano extremamente odorizado, risos. E foi só! Nunca usei a arte para brigas de escola, ao contrário, o judô me "amansou". Já a "cultura" do jiu jitsu e pit bull nos trouxe até aqui.
Comparar esta arena de gladiadores com as artes marciais clássicas é malicioso. Eu pratiquei judô por anos e em nada este se compara a isto. No judô aprendi disciplina e domínio próprio. Aprendi cautela, observação, respeito ao próximo e a usar a força do oponente para a minha própria defesa. Nunca me machuquei e nem feri ninguém. O momento mais perigoso que vivi no tatame foi quando ao imobilizar um gordinho, que tinha acabado de almoçar, fui vítima de um vazamento encanado de metano extremamente odorizado, risos. E foi só! Nunca usei a arte para brigas de escola, ao contrário, o judô me "amansou". Já a "cultura" do jiu jitsu e pit bull nos trouxe até aqui.
Eu
entendo a emoção eletrizante, a adrenalina toda. Tudo isto combina com
os nossos desejos primitivos e muitos encontram grande prazer nesta
carnalidade. Alguns chegam a afirmar que toda esta violência é útil para
o sepultamento do lado selvagem que domina os nossos desejos mais
animalescos, a fera escondida em cada um de nós. Como se uma pequena
dose de veneno, ao contrário de nos fazer mal, fosse medida profilática:
A violência controlada do espetáculo é uma válvula de escape da pressão
da ira alojada no profundo da alma humana... Como se após o referido
espetáculo, a assistência experimentasse a calma de um zen budista, risos. Não seria o contrário?
E a carnalidade não nos seduz?
Então,
pergunto: Você leitor crê no que está escrito em Gálatas 5:22-23 "Mas o
fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade,
bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio..."? Você crê que o fruto
do Espírito é o resultado da presença do Espírito Santo na vida do
crente? E é assim para todos os que crêem, verdadeiramente, em Jesus
Cristo e o têm como Seu único e suficiente Salvador? (Romanos 8:9; 1
Coríntios 12:13; Efésios 1:13-14)
E
se a presença do Espirito Santo em nossas vidas em tudo nos transforma
para que nos conformemos à imagem de Cristo, fazendo-nos mais e mais
como Ele, o que fazem os lutadores de MMA cristãos com o fruto
quando estão octógno? O amor, a alegria, a paz, a longanimidade, a
benignidade, a bondade, a fidelidade, a mansidão e o domínio próprio
ficam do lado de fora?
E
os torcedores, não estariam cedendo miseravelmente a um chamado da
carne que poderia ser facilmente evitado? Já estamos tão sobrecarregados
na nossa luta, porque colocar mais este fardo? Por que forçar uma barra
e nos colocar em uma situação como esta? Somos livres em Cristo, com
certeza, mas como disse o apóstolo Paulo:
Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Mas não useis da liberdade para dar ocasião à carne, antes pelo amor servi-vos uns aos outros.14 Pois toda a lei se cumpre numa só palavra, a saber: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.15 Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede não vos consumais uns aos outros.16 Digo, porém: Andai pelo Espírito, e não haveis de cumprir a cobiça da carne.17 Porque a carne luta contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes se opõem um ao outro, para que não façais o que quereis. Gálatas 5:13-17
E você, o que acha?
Fonte: Genizah
Um comentário:
Você já se arrebentou no chão andando de bicicleta? Sangrou? Então tua foto ENSANGUENTADO também deveria estar postada ali em cima.
Os favoráveis são emotivos... bem... os contrários TAMBÉM SÃO.
Se for para mostrar fotos de caras ensanguentados para reforçar a opinião contrária, mostre fotos de jogadores de futebol com o joelho quebrado, ou um nadador profissional com CÂIMBRA correndo o risco de morrer afogado na piscina, ou melhor, mostre fotos de uma CRIANÇA com o EGO FRUSTRADO após perder uma partida de BOLINHAS DE GUDE para o coleguinha na rua. Qualquer disputa gera danos (emocionais ou físicos). Alguém sempre perde.
Sou torcedor de MMA e creio que minha opinião realmente esteja mais baseada em emoções (como o próprio texto diz) do que na bíblia.
Eu não vejo uma luta como se visualizasse cães se devorando em "rinha" (geralmente os não torcedores enchergam assim), mas vejo como uma disputa de habilidades marciais entre profissionais altamente preparados para isto. Cada atleta alí tem pelo menos 10 anos de academia e sabe muitissimo bem quais danos pode sofrer numa luta. É um risco controlado, tal como saltar de para-quedas ou escalar uma montanha. Há REGRAS, JUÍZES, EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO, MÉDICOS e MUUUUITO TREINO (eu particularmente me sentiria mais seguro dentro do OCTÓGONO com um lutador do UFC, do que em andar à noite em algumas ruas da cidade em que moro à 23 anos).
Se por um lado o texto afirma que as opiniões favoráveis estejam carregadas de emoção, por outro, vejo que as opiniões contrárias também estão. Os contrários geralmente buscam argumentos para justificar seu ESPANTO diante de demonstrações de força e habilidades que estão muito acima de sua capacidade de compreensão. Eu particulamente não conheço alguém que tenha tido o mínimo de contato com artes marciais e ainda enchergue uma luta como uma briga. Na maioria das vezes quem vê toda esta "monstruosidade" são aqueles que não entendem nem a diferença entre um "jab" e um "direto" (está lançado o desafio... não vale pesquisar no google, ok?).
ANDERSON DE CAMARGO
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