Pesquisar no Símbolo do Peixe
segunda-feira, 7 de maio de 2012
Marcelo Lemos
Hoje quero convidá-los a algo que a maioria de vocês há muito não faz. Meu convite é que relembremos a Lei de Deus. Estamos cercados por centenas e mais centenas de mandamentos, humanos, tão estranhos as nossas necessidades quanto o mandarim, mas basta que a Lei de Deus seja mencionada para que a imagem de “opressão” sobrevenha à mente - inclusive de muitos cristãos. Não é verdade que a Graça tenha se tornado – na mentalidade de uma multidão considerável - sinônimo de destruição da Lei? Daí nos descuidarmos do tema, e raramente sentirmos o mesmo que o salmista, “a Lei do Senhor é perfeita, e refrigera a alma!” (Salmos 19:7).
A Constituição Brasileira de 1988 possui 250 artigos, e já sofreu mais de 50 emendas (em menos de 30 anos!). Se comparada a Constituição Americana, que possui apenas 36 artigos, a nossa é algo um tanto exagerado. Enquanto a americana pode ser escrita em uma ou duas folhas, a nossa precisa de um livro inteiro. Mas, nem mesmo a tão aclamada Constituição Americana é perfeita; em seus dois séculos de vida, ela acumula quase 30 emendas (uma emenda a cada oito anos, em média). A Lei de Deus – que “é perfeita” – continua a de sempre:
(1) Então falou Deus todas estas palavras, dizendo: “Eu sou o SENHOR teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim”.
(2) “Não farás para ti imagem esculpida, nem figura alguma do que há em cima no céu, nem em baixo da terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te curvarás diante delas, nem as servirás; porque eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, nos netos e nos bisnetos daqueles que me odeiam, mas uso de misericórdia até a milésima geração com aqueles que me amam e guardam meus mandamentos”.
(3) “Não pronunciarás o nome do SENHOR, teu Deus em vão; porque o SENHOR não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão”.
(4) “Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o SENHOR o dia do sábado, e o santificou”.
(5) “Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os seus dias na terra que o SENHOR teu Deus te dá”.
(6) “Não matarás”.
(7) “Não adulterarás”.
(8) “Não furtarás”.
(9) “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo”.
(10) “Não cobiçarás a casa do teu próximo; não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem seu escravo, nem sua escrava, nem seu boi, nem seu jumento, nem nada do que lhe pertence”.
Os Dez Mandamentos estão em Êxodo 20: 1-17. E não são apenas um registro histórico de um contexto cultural sobrepujado pelo nosso. A ética do Reino jamais foi alterada, segundo ensina-nos o Cristo: “Não julgueis que vim abolir a Lei ou os Profetas. Não vim ab-rogar, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou til se omitirá da Lei, sem que tudo seja cumprido. Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no Reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no Reino dos céus” (S. Mateus 5: 17-19).
A despeito de o cristão moderno ter a tendência de considerar a Lei de Deus algo de menor importância, e dar a ela um lugar secundário em sua teologia, Cristo está dizendo que qualquer pessoa que violar, ou ensinar contrariamente aos princípios da Lei de Deus, “por menores que sejam” tais princípios, receberá a justa condenação por seu pecado! Essa afirmação soará de modo estranho nos ouvidos de muitos de vocês, e isso por si só já demonstra o quanto o Cristianismo atual tem se afastado da vontade do Senhor.
Com isso, não digo que deliberadamente nos recusamos a obedecê-Lo, mas certamente temos buscado sua vontade em lugares equivocados.Isso tem implicações profundas, por exemplo, na guerra cultural que a Igreja enfrenta nos últimos dias. Vamos refletir um pouco.
A verdadeira liberdade consiste na submissão a Lei de Deus. Porque Deus deu sua Lei a Israel? Qual a justificativa dada pelo Senhor? Evidentemente, sendo Deus, Ele poderia simplesmente impor sua Lei, e não seria errado. Mas ele não fez assim, ele apresentou sua razão: “Eu sou o SENHOR teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim” (Êxodo 20: 1). Aqui temos Deus dizendo:
- Outrora, longe do meu Governo, vocês eram escravos, agora, sob meu Domínio, vocês são livres: eis aqui, portanto, a minha Lei.
O argumento de Deus é evidente: se o Egito é a terra da servidão, a vida governada pela Lei de Deus é terra da liberdade.
Facilmente nos iludimos com outras promessas de liberdade; contudo, ela não está nos partidos políticos, no estado laico, nas políticas públicas, no livre-mercado ou no socialismo. Por melhores sejam as intenções de todas essas ideologias (e mesmo que algumas sejam mais bem intencionadas que outras), a Terra da Liberdade é governada pela Lei de Deus. Surpreendentemente os próprios cristãos se intimidam diante da possibilidade de uma nação governada pela Lei do Senhor; em suas mentes isso seria um retrocesso, um retorno a Idade das Trevas, ou coisa do tipo. Estamos dispostos a aceitar a autoridade dos Três Poderes, da Mídia, da ONU, mas relutamos quando autoridade em questão é a do próprio Deus. Isso nos leva ao próximo ponto.
Em contrapartida, qualquer outra lei que não seja a Lei de Deus, é idolatria. Quando Deus deu a Israel a Sua Lei, estava dizendo a eles que tinha pleno direito de Governá-los; eles lhe deviam total e completa obediência. “Sou o SENHOR, teu Deus”. Deus toma para Si o direito exclusivo de legislar sobre seu povo, de modo que aceitar um principio ético diferente – que fira a Lei – equivale a, mesmo que de modo inconsciente, um ato de idolatria.
Podemos escolher qualquer tema, em qualquer área da vida para exemplificar a questão. Qual a nossa opinião sobre a Pena Capital? Temos vários especialistas no assunto, e podemos escolher qualquer um deles no cardápio, contudo, se não estivermos interessados em julgar todas essas opiniões a luz das Escrituras, teremos colocado nossos especialistas num patamar de autoridade acima do que damos a Deus, e nos tornado idolatras! Qual a nossa opinião sobre o divorcio, o aborto, o homossexualismo, o dizimo, a economia, a política, os juros, a propriedade privada? Qualquer outra lei, qualquer outra autoridade que se sobreponha a Lei de Deus, é idolatria.
Vamos tomar um tema bem polêmico: nosso sistema carcerário. O que a Bíblia ordena sobre prisões? Devemos prender um ladrão, por exemplo? Acredito que muitos de você se surpreenderão diante do seguinte fato: o sistema penitenciário que enjaula é antibiblico! A pena estipulada, nas Escrituras, para o roubo não é a prisão, mas sim a restituição. Ou seja, o ladrão descoberto tem o dever moral de restituir – muitas vezes em dobro – o valor do bem que roubou de alguém. Contudo, nós preferimos as penitenciárias, que além de transformar ladrão de galinha em criminoso profissional, ainda obriga a sociedade a custear os gastos dos criminosos que a vitimou! Alguém nos convenceu que tinha um Código Penal melhor. Há aqui um pecado. Qual o seu nome? Idolatria! E, não nos deixemos enganar, o Juízo de Deus sempre vem contra aqueles que se prostram perante os ídolos...
Da próxima vez que você ouvir uma de nossas autoridades, ou especialistas em segurança publica, reclamar do problema penitenciário, lembre-se de a recusa em nos submetermos a Lei de Deus equivale a um retorno ao Egito, uma volta à casa da servidão. Acredito que o mesmo raciocínio vale para todas as esferas da vida. E é este o compromisso da Reconstrução Cristã (ou Teonomia): através da pregação do Evangelho, conduzir a sociedade aos caminhos do Senhor. Revolução? Não; conversão apenas! Utopia? Não; fé nas promessas do Senhor, e certeza de que Deus é Soberano sobre tudo e todos, em todos os aspectos da vida e da sociedade!
Nos últimos anos tem crescido a pressão para que Governos retirem de seus departamentos símbolos cristãos como a cruz ou o crucifixo. Pretendem com isso a defesa da liberdade. Mas, segundo a Bíblia, a verdadeira liberdade só será alcançada quando em cada casa, quando nas paredes de cada repartição pública e nos escritórios do setor privado, pudermos ver reproduzidas as palavras dos Dez Mandamentos.
Marcelo Lemos, articulista do Genizah, autor do blog Olhar Reformado.
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