Será que é errado pensar em jogar na loteria? Quero dizer, eu não quero riquezas por mim mesmo, mas para a minha família, a obra de Deus, as obras de caridade na minha cidade, e, bem, se eu quisesse tudo somente para mim, um cristão, isto seria ruim? Vamos comparar esse assunto com os princípios Bíblicos. Se levemos “cativo todo o entendimento à obediência de Cristo” nos faremos uma bênção para nós mesmos (II Cor 10:5).
Trabalhar é necessário
Quando o homem estava no jardim do Éden, antes mesmo de pecar, ele era contentíssimo com a presença do Senhor na viração dos dias e com todas as suas necessidades supridas abundantemente. Viver para a glória de Deus era a sua felicidade maior. Mesmo assim, sim, antes do pecado, o homem trabalhava. Adão tinha a ordem divina de “lavrar e guardar” o jardim onde o Senhor o pôs (Gên. 2:15). Isso era a sua responsabilidade e necessitava esforço e obediência. Lembramo-nos que foi Adão que colocou o nome em todos os animais também (Gên. 19), e isso não deveria de ser um piquenique. Mas, apesar da responsabilidade e a necessidade de fazer esforço, o trabalho não era lhe pesado. O trabalho somente tornou pesado quando o homem pecou. Foi naquela circunstância que o trabalho tornou a ser uma necessidade, e, uma necessidade constante. A sentença divina que veio por causa do pecado foi: “no suor do teu rosto comerás do teu pão” (Gên. 3:19). Isso “porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore do que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causas de te, com dor comerás dela todos os dias da tua vida” O princípio divino sobre a necessidade de trabalhar para comer não somente começou na hora do surgimento do pecado, quanto continuou até os dias do Novo Testamento pois Paulo, pelo Espírito Santo, escreveu: “Porque, quando ainda estávamos convosco, vos MANDAMOS isto, que, se alguém não quiser trabalhar, não coma também” (II Tess. 3:10). Que tal maldição continua até os nossos dias não deve ser uma surpresa pois Deus declarou no dia da maldição, “com dor comerás dela TODOS OS DIAS DA TUA VIDA”. O pecado de Adão trouxe todos nós a sermos pecadores (Rom 5:12). A maldição que Adão receber, nós recebemos juntamente. O princípio do trabalho-comer é para nós ainda hoje. A loteria não submete-se à essa necessidade.
“A riqueza de precedência vã diminuirá, mas quem a ajunta com o próprio trabalho a aumentará.” Prov. 13:11
A loteria reflete o desejo eterno do homem livrar-se dos efeitos do pecado em sua vida, ou, melhor, em viver como não haja ordem superior sobre ele. A loteria alimenta a idéia errônea que podemos ter algo de valor com boa consciência, sem trabalhar ou suar por ele. A nossa natureza pecaminosa já compra essa idéia na primeira apresentação pois temos um coração enganoso (Jer 17:9). Os que têm uma nova natureza por Cristo já lutam contra a carne (Gal 5:17) e por isso raciocina que pode fazer algo que é contra o princípio bíblico de somente ganhar através do trabalho e usar tal fruto do pecado para a glória de Deus (Rom 3:8). E, é verdade que queremos crer que podemos fazer o bem enquanto nos ocupamos com o que Deus não abençoa! Mas não devemos nos iludir. Se não estamos obedecendo, estamos desobedecendo (Mat. 12:30).
A confiança no Senhor
O Cristão tem quem cuida de si: o próprio Senhor. A promessa de Deus é que Ele nunca nos deixará nem nos desamparará (Heb 13:5). Este Senhor bondoso e poderoso sabe o que necessita o Seu filho comprado pelo sangue de Cristo (Mat. 6:32), e, com amor, suprirá “muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos; segundo o poder que em nós opera” (Efés 3:20). Sem dúvida Deus pode suprir as nossas necessidades de maneiras extraordinárias mas deve ser observado que é Ele que faz tais prodígios. Para nos colocar em posições comprometedoras ou em lugares questionáveis não é de praticar a fé mas é de tentar Deus (Mat. 4:6-7). Quando confiamos no poder e nas promessas do Senhor, temos verdadeiro descanso de espírito. Os que querem confiar no braço de carne, somente terão o auxílio que um braço de carne pode dar. Melhor é confiar no Senhor (II Crôn. 32:8). Para confiar no Senhor, em vez de confiar em nossas próprias capacidades, precisamos morrer a nós mesmos. É louvável tal atitude e nos conforma à imagem de Cristo (I Pedro 4:1).
O Contentamento
Um estudo sobre a loteria não seria completo sem uma menção de contentamento. A loteria não incita o crescimento nessa virtude mas contrariamente inflama os excessos das obras da carne (Gal 5:19-21). Quando Jó perdeu tudo o que tinha, a sua piedade com contentamento era louvável (Jó 1:21). Ele não culpou Deus nem correu para a sua “esperteza” para resolver a sua situação desesperadora. Ele confiou no Senhor. É assim o contentamento com piedade é ganho (I Tim 6:6). Preocupar com o dia de amanhã não é louvável pois evidencia pouca fé (Mat. 6:25-30). Não é fácil de ser contente com o que temos, mas é um alvo de crescimento para o Cristão sério. Paulo, o apostolo, pela experiência na vida Cristã, aprendeu de ser contente com o que tinha (Fil. 4:11-13). Viver com o que temos nos ensinará a termos essa virtude. Jogar na loteria nunca nos ensinará contentamento. Muito menos nos levará à piedade.
Exemplos Bíblicos
Será que os exemplos Bíblicos podem nos ensinar a participarmos na loteria? Quais exemplos Bíblicos temos dos servos de Deus ocupando-se nessa prática? O Cristão é para ser uma testemunha: uma luz nas trevas, um elemento que preserva e conserva boas qualidades na sociedade (Mat. 5:13-16). A ocupação do Cristão é de anunciar as virtudes daquele que nos chamou das trevas paras a sua maravilhosa luz (I Pedro 2:9). Nas Escrituras Sagradas achamos louvor para os justos (II Pedro 2:7) e os fieis (I Cor 4:2; Col. 12:2; Efés 6:221; Heb 3:5) mas nunca são louvados por Deus os que confiam na sorte ou no braço de carne.
O lançar sortes na Bíblia
Apesar de tudo que foi estudado sobre a loteria pode ser que pela prática de “lançar sortes” na Bíblia alguém quisesse apoiar a loteria. Seria bom de estudar este assunto num estudo separado mas seria suficiente notar que tal prática foi usada para determinar a vontade de Deus (Lev 16:8; Atos 1:26). Hoje temos a Palavra de Deus para nos ensinar, corrigir e nos aperfeiçoar (I Tim 3:16,17) não precisando mais praticar tal costume para sabermos a vontade de Deus. O lançar sortes foi útil também para agilizar uma divisão justa (Josué 18:6-10; Neemias 11:1; Sal 22:18). Não achamos proibição de tal prática pois é útil (Prov. 18:18). Todavia, na Bíblia, nunca temos o exemplo da loteria comum que dá prêmios em dinheiro sendo usado para este fim. O uso de sortes também foi usado biblicamente para determinar a verdade (II Sam 14:42; Jonas 1:7). A Palavra de Deus é perfeita agora e podemos usá-la para testar toda a filosofia, pregação e prática, uma maneira nobre de determinar a verdade (Atos 17:11).
Que Deus abençoa a sua vida. Se está passando por dificuldades e está sendo tentado, o conselho bíblico não é de lançar sortes mas de lançar tudo sobre o Senhor porque Ele tem cuidado de vós (I Pedro 5:7). As tentações na carne devem nos levar a morrermos à carne e viver pela fé (Tiago 1:2-6), e, portanto, úteis. Os princípios Bíblicos não mudam com a nossa situação socioeconômica mas são imutáveis. Espere no Senhor e achará alivio em Seu tempo para a glória de Deus (Isa 40:31). O buscar o Senhor sempre tem as suas recompensas (Mat. 6:33).
Pr Calvin Gardner - pastor da Igreja Batista de Catanduva - SP
Fonte: Igreja Presbiteriana das Graças (Recife/PE)
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