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terça-feira, 21 de setembro de 2010

Reflexões sobre o teísmo e a cosmovisão cristã

Por João Rodrigo Weronka

A necessidade de cada cristão ter em mente a definição e entendimento da cosmovisão cristã é muito importante, já que a cada dia somos bombardeados por conceitos, filosofias e ideologias extremamente anticristãs. Sabendo que cosmovisão representa a forma como cada indivíduo observa o mundo ao seu redor, discernir “o todo” de acordo com a cosmovisão cristã é essencial.

Existe uma manobra contra a cosmovisão cristã que vai além da paranóia vivida por alguns crentes em seu dia-a-dia, que acreditam mais em teorias de conspiração contra a igreja do que crêem na soberania absoluta e irrestrita de Deus. A igreja deve estar mais alerta com uma severa mudança de cultura que está forçando a mentalidade pós-cristã na sociedade, que começou na modernidade e que hoje, num ambiente pós-moderno ainda vigora.

Para que cada indivíduo que confessa ser cristão possa de fato ser denominado cristão, é necessário que este pense e aja como cristão. Já disseram que a igreja brasileira é muito mais propensa a sentir do que a pensar, e concordo plenamente com tal ponto de vista por tudo aquilo que o cenário evangélico apresenta.

O fato de muitos cristãos ficarem chocados com algumas vozes que tem se manifestado nos arraiais tupiniquins é impressionante. A maioria não está disposta ao labor teológico e a análise daquilo que crê. Poucos estão interessados na reflexão sobre temas pertinentes – ou não – à fé cristã. Isso nada mais é que o modo relativista de pensar que se infiltrou na cultura cristã e que faz com que, em estado de transe, muitos ignorem o fator da veracidade dos fatos. O ranço do pragmatismo grudou na mentalidade de muitos, ao ponto de perderem sua identidade bíblica e desvirtuar sua cosmovisão, trocando o cristianismo bíblico e autêntico por uma religião sincretista e estranha.

Vivemos hoje a época do Censo do IBGE (2010), e infelizmente a maior parte da igreja brasileira está em frenesi pelo resultado a ser divulgado, para saber se de fato os números mostrarão que o ‘povo de Deus’ tem crescido nesta terra. Não sou contra o crescimento da igreja, isso seria contraditório. Quero ver muitas pessoas rendidas aos pés de Cristo e inseridas de fato no Reino de Deus, mas que cresçam não apenas em números, mas principalmente em qualidade.

Gostaria de ver toda essa expectativa sendo lançada de modo mais reflexivo. Se nós, como igreja, nos engajarmos e percebemos que existe a formação de uma barreira contra a cosmovisão cristã, creio que teremos resultados mais positivos, que passam do mero conceito quantitativo e adentram o valor qualitativo do povo de Deus. E qualidade sim é relevante.

Isso mostra de modo preocupante que a igreja atual está falhando em sua característica de ser “ensinadora” para se tornar uma espécie de clínica psicológica de auto-ajuda e um armazém de satisfação momentânea: “Venha buscar a sua benção”, é o slogan padrão de uma fé puramente mercantilista. [1]

Falando de modo mais específico sobre a cosmovisão cristã, entendemos que o modo de enxergar a realidade sob os pressupostos do cristianismo bíblico é o mais coerente, pois apresentam de modo objetivo respostas para perguntas que sempre estão presentes no cotidiano das pessoas, tais quais: quem somos nós? Por que estamos aqui? De onde viemos e para onde vamos? Qual o objetivo da vida? Ou ainda, como C. Stephen Evans propõem de modo mais amplo:

“Uma cosmovisão completa inclui respostas às seguintes perguntas e a mais outras ainda: Que tipos de realidades existem, e qual é a realidade última? Que explicação se pode dar acerca da realidade? Que é conhecimento, e como obtê-lo? Que é ter uma crença razoável ou justificada? Que é o bem? Que é uma vida boa para o ser humano e como se conquista essa vida? Que é beleza e como ela se relaciona com a realidade e a bondade?” [2]

Todas estas perguntas possuem respostas objetivas dentro da fé cristã, e tais respostas estão norteadas pelo princípio que existe uma Verdade Absoluta.

Não é de hoje que pensadores cristãos trabalham na sistematização de idéias para apresentar a fé cristã de modo organizado e racional. A história do pensamento cristão está repleta de homens que demonstraram a coerência racional do cristianismo, sem abandonar o calor da fé. Como sempre afirmo: fé e razão não se opõem, mas são complementares e interdependentes. Pensar sobre a fé é algo que a igreja precisa resgatar nestes dias encharcados com a mentalidade anticristã. Creio que Robson Ramos definiu bem o panorama antirreflexivo instaurado:

“Por que nos preocuparmos com um embasamento teológico e filosófico mais profundo? Por que falarmos da importância da ‘mente cristã’? Precisamente em benefício daquilo que chamamos de ‘coração’. Como podemos amar e servir a Deus se não nos aplicamos a compreender os seus desígnios? Se o caráter e a criação de Deus permanecem como um enigma para nós, então todo o nosso zelo, nossas orações e nossos Louvorzões caem como devoção cega. Nossa religiosidade se degenera em superstição e a nossa liturgia se transforma em encantamento.” [3]

Neste breve ensaio, não vamos nos ater a exposição detalhada das doutrinas básicas da fé cristã, já que existe variado número de Teologias Sistemáticas e outras obras que cumprem bem este papel. O objetivo central é chamar a igreja brasileira – os crentes que a compõem – para um retorno aos fundamentos. Estes fundamentos são essenciais à fé cristã, e nosso objetivo é que toda e qualquer pessoa que não tenha a cosmovisão cristã entenda este plano e seja alcançada pela misericórdia de Deus.



TEÍSMO

O cristianismo é uma manifestação religiosa teísta. É importante ressaltar que além do cristianismo, o judaísmo e islamismo também são considerados como religiões teístas, entretanto divergem entre si de modo excludente nos aspectos doutrinários.

Creio que o modo como John Feinberg resumiu o teísmo é de grande valor para o contexto deste artigo, dizendo que o teísmo:

“É literalmente, a fé na existência de Deus. Embora o conceito pareça ser tão antigo quanto a filosofia, o termo propriamente dito parece ser de origem relativamente recente. Alguns sugerem que apareceu na Inglaterra no século XVII para substituir palavras como ‘deísmo’ e ‘deísta’ para referir-se a crença em Deus. ‘Teísmo’ costuma ser usado como oposto do ‘ateísmo’, que é o termo que descreve a negação da existência de Deus, e que distingue o teísta do ateu ou do agnóstico sem tentar fazer qualquer conexão técnica filosófica ou teológica”. [4]

O teísmo está organizado em diversos sistemas que, filosoficamente, abordam a existência de Deus de modos variados. Destacam-se os sistemas teístas racionais, existenciais, fenomenológicos, analíticos, empíricos, idealistas e pragmáticos. Cada qual com representantes de grande envergadura.

De modo geral, os teístas possuem crenças comuns, as quais são possíveis destacar: a existência de Deus além e dentro do mundo, a criação do mundo a partir do nada (ex nihilo), a possibilidade real de milagres, a criação da humanidade à imagem de Deus, o padrão legislador moral de Deus e a eternidade de castigos ou recompensas. [5]

Entendendo de modo básico o que o teísmo contempla, é preciso buscar o entendimento da Verdade cristã nos fundamentos básicos da fé, que por conseqüência norteiam a cosmovisão cristã.



FUNDAMENTOS CRISTÃOS

O cristianismo, como cosmovisão teísta que é, crê exclusivamente na existência de um único Deus (Dt 6.4). Cremos que esse Deus é pessoal, ou seja, está disposto e interessado num relacionamento próximo e íntimo com as pessoas (Rm 8.15).

Esse Deus, cujos atributos são infinitos e impossíveis de serem compreendidos na limitação humana, é entendido pelos cristãos como onipresente (Jr 23.23; Sl 139.7-13), onisciente (Sl 139.1-5; Pv 5.21), onipotente (Ap 19.6), imutável (Ml 3.6; Tg 1.17), amoroso (Jo 3.16), misericordioso (Lm 3.22), tal como as Escrituras mostram. Tal Deus é triúno, onde as Escrituras O apresentam como Pai, Filho e Espírito Santo (Mt 28.19). Deus não pode ser “posto numa caixinha”, ao ponto de, como nossa limitação e capacidade finita, compreender em plenitude sua natureza perfeita e infinita (Is 40.28).

Deus criou todas as coisas ex nihilo, ou seja, do nada (Gn 1.1). Não precisou de matéria preexistente nem de auxílio algum para a criação de tudo, quer seja galáxias distantes ou microorganismos que vivem sobre nossa própria pele. Ao poder de Sua palavra, tudo veio a existir com um propósito perfeito, ou seja, para os cristãos é inaceitável o conceito de que somos frutos do acaso, resultado do acaso e destinados ao acaso. Uma roda viva tola e sem sentido.

Como obra-prima, a criação de Deus perfeita culminou na criação da humanidade, com toque especial do Senhor para tal (Gn 1.27). Fruto da desobediência humana, a transgressão levou o homem ao estado de pecador (Gn 3.1-12). O pecado causa separação entre Deus e o homem (Is 59.2). Deus providenciou um meio de resgate para que o homem tivesse acesso a Ele novamente; essa providência divina se deu em Jesus Cristo (Rm 5.1-21).

Deus, no estado atual das coisas, relaciona-se com sua criação de modo especial, estando imanente e transcendente a ela (Mt 28.20). Enquanto vivemos aqui, não estamos órfãos, mas o Espírito Santo atua como o Consolador prometido (Jo 14.16-18), zelando dos que são de Deus e trazendo convencimento do pecado, justiça e juízo.

Não fomos lançados por Deus a uma existência qualquer sem propósitos, assim como Deus não criou o mundo e o que nele há e deixou tudo andar sem seu consentimento.

Redimidos e justificados, os filhos de Deus tem acesso ao Pai. A experiência de vida cristã temporal é apenas uma amostra daquilo que os insondáveis planos de Deus tem para os que crêem nEle: a eternidade de relacionamento sem a separação que o pecado causou, restaurando por completo o propósito bendito e perfeito de Deus para todas as coisas (Ap 22.1-5).



APOSTA DE PASCAL

O que para os cristãos é fundamento de fé e essência de cosmovisão, para muitos é loucura (1Co 1.18-23). Cremos sim nas Escrituras como Palavra de Deus revelada aos homens e nos propósitos de Deus nela contidos, apesar das críticas e das inversões de valores que a sociedade pós-moderna tenta importar a fórceps.

Muitos rejeitam a cosmovisão cristã, julgando segundo pressupostos diversos que ela não é digna de crédito.

Para tais, deixo uma simples reflexão a respeito da conclusão que uma mente brilhante expôs. Blaise Pascal (1623-1662), filósofo, matemático e físico francês, desenvolveu um simples argumento que muitos desconhecem, mas que é muito útil. Trata-se da “Aposta de Pascal” ou “Argumento da Aposta”.

Tal argumento encoraja aquele que não crê a refletir e orar no seguinte sentido: se alguém aposta que Deus existe e dedica sua vida a Ele, mas hipoteticamente está errado, não perdeu absolutamente nada, pois terá perdido apenas o desfrutar de uma vida de prazer voltada para satisfação pessoal, não encontrando absolutamente nada após a morte. Doutra forma, se sua aposta está correta, desfrutará de uma eternidade de bem-aventuranças, pois descobrirá uma realidade surpreendente após a morte.

Em resumo, os ganhos e perdas potenciais de tal aposta são incrivelmente desproporcionais.



PALAVRAS ÚLTIMAS

Ter a cosmovisão cristã bem alinhada é algo que urge para esse tempo em que os cristãos devem estar mais engajados pela causa de sua fé, que nada mais é que a centralidade de Jesus Cristo para tudo.

Não encontrei melhores palavras para concluir este ensaio que as de John Stott, um exemplo de fé viva e mente brilhante. Leia e reflita:

“Por que sou cristão? Uma razão é a cruz de Cristo. Na verdade, eu jamais poderia crer em Deus se não fosse pela cruz. É a cruz que dá credibilidade a Deus. O único Deus em quem eu creio é aquele que Nietzsche, filósofo alemão do século 19, ridicularizou, chamando-o de ‘Deus sobre a cruz’. No mundo real da dor, como adorar um Deus que fosse imune a ela? Em minhas viagens, entrei em vários templos budistas em diferentes países da Ásia. Permaneci neles em atitude respeitosa diante de uma estátua de Buda, que tinha as pernas cruzadas, os braços dourados, os olhos fechados, o fantasma de um sorriso nos lábios, sereno e silencioso, com um olhar distante na face, desligado das agonias do mundo. Em cada uma dessas vezes, depois de um tempo eu tinha de dar as costas. E, em minha imaginação, voltava-me para aquela figura solitária, retorcida, torturada sobre a cruz, com pregos lhe atravessando as mãos e os pés, com as costas dilaceradas, distendidas, a testa sangrando nos pontos perfurados por espinhos, a boca seca, sedenta ao extremo, mergulhada na escuridão do esquecimento de Deus. O crucificado é Deus por mim! Ele colocou de lado a sua imunidade para sentir a dor. Ele entrou em nosso mundo de carne e sangue, lágrimas e morte. Ele sofreu por nós, morrendo em nosso lugar, a fim de que pudéssemos ser perdoados”. [6]

Não se engane, não faça uso de lentes erradas para interpretar a realidade e principalmente pelas implicações que “óculos errados” podem causar.

Concordo que existem pontos diversos para discutir, e que tal discussão ainda será ampliada na medida nos textos futuros desta série sobre as cosmovisões. Mas sempre faremos uso das lentes cristãs – que correspondem com a Verdade que é Cristo – para tal análise.

Toda honra e glória ao Senhor!

Notas:

[1] Isso não quer dizer que o aconselhamento cristão é desnecessário, muito pelo contrário. O aconselhamento é necessário desde que seja pautado na Bíblia Sagrada. O aconselhamento deve ser feito por crentes maduros, preparados na Palavra e chamados para tal. Fugindo deste parâmetro básico, o aconselhamento pode ser transformar numa trágica fábrica de fofocas e destruição moral do aconselhado.

[2] EVANS, C. Stephen. Dicionário de Apologética e Filosofia da Religião. São Paulo: Editora Vida, 2004. p. 36-37.

[3] RAMOS, Robson. Evangelização no mercado pós-moderno. Viçosa: Editora Ultimato, 2003. p.29-30.

[4] FEINBERG, John S. Teísmo. In Enciclopédia histórico-teológica da igreja cristã, vol.III. São Paulo: Edições Vida Nova, 1990. p. 435

[5] Para aprofundamento, sugiro a leitura de GEISLER, Norman. Enciclopédia de apologética. São Paulo: Vida, 2002. P.813-814, verbete “Teísmo”.

[6] STOTT, John. Por que sou cristão? Viçosa: Editora Ultimato, 2004. p.67-68.


Fonte: http://napec.wordpress.com/apologetica/cosmoteismo/ - NAPEC-Apologética Cristã

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

É certo levantar as mãos na hora do louvor?


Se o Senhor deseja que o louvor seja oferecido em espírito e em verdade (João 4.24), por que tantos crentes acham necessário usar as mãos, os braços e movimentos corporais para “entrar no ritmo de adoração”? Por que esta insistência em obter uma dimensão física, a qualquer custo? Mas a Bíblia não dá base para levantarmos as mãos? Existem várias referências nos salmos e uma no Novo Testamento, mas estas referências não dizem respeito ao culto congregacional, conforme mostraremos, e são tiradas do contexto por ensinadores carismáticos. Não é possível que o Senhor exija o levantar as mãos em sua igreja, em contradição à sua regra “em espírito e em verdade”.


Por que Davi levantava a suas mãos, conforme relatamos nos salmos? O que significava sua atitude? Salmos 28.2 afirma: “Ouve-me as vozes súplices a ti clamar por socorro, quando erguer as mãos para o santuário”. Davi estava longe de Jerusalém, provavelmente fugindo de Absalão. Em sua vocação pessoal, Davi levantava suas mãos em direção ao lugar do sacrifício em Jerusalém. Ele fazia isso com o objetivo de se identificar com o sacrifício oferecido pelo sacerdote. Davi não podia estar presente, mas demonstrava sua identificação com a oferta. É importante lembrar que ele não teria feito isso, se estivesse em Jerusalém, visto que apenas o sacerdote oferecia sacrifício. Assim, a atitude de Davi era apenas um ato de identificação da parte de um homem ausente. Isso não era algo realizado habitualmente na adoração.


Em salmos 63.4, Davi disse: Em teu nome, levanto as mãos”. Nesta ocasião, ele estava no deserto de Judá e, novamente, sozinho, longe do lugar do sacrifício. Davi almejava estar no santuário; e isso é expresso no verso 2. No momento do sacrifício, ele levantou mais uma vez as mãos para identificar-se com a oferta da noite.


Em salmos 141.2, Davi é bastante claro no que se refere ao assunto. Estando novamente longe do Tabernáculo, ele roga que sua oferta suba como incenso e: “Seja o erguer das minhas mãos como oferenda vespertina”.


Quando estava longe do Tabernáculo, era por meio desta atitude que Davi expressava sua unidade com o sacrifício vespertino. Sua atitude não era uma atividade congregacional, e sim um gesto pessoal que tinha um significado específico e limitado. A questão é: devemos fazer o mesmo? É claro que não, visto que os sacrifícios já se consumaram. Jesus Cristo cumpriu todas as leis e símbolos envolvidos nos sacrifícios; e o sacrifício vespertino não é mais oferecido. Esta é a razão porque não encontramos no Novo Testamento instruções a respeito de levantar literalmente as mãos durante o louvor. Levantar as mãos (da maneira como Davi fez) reavivaria o ritual envolvido nos sacrifícios, menosprezando o grande sacrifício oferecido uma vez por todas, a morte expiatória de Jesus Cristo.


Hoje, quando pessoas levantam as mãos, elas não fazem como Davi, para identificarem-se com o sacrifício. Elas fazem com um propósito completamente diferente, ou seja, obter um sentimento de “contato” com Deus. É um recurso físico para produzir sentimentos. Esse não era o propósito de Davi.


Três outros salmos mencionam o levantar as mãos, mas se referem a outras questões. Salmos 119.48 fala em levantar as mãos em obediência diária a Deus – tão somente como refere-se aos sacerdotes oferecendo literalmente o sacrifício. Salmos 143.6 descreve a Davi estendendo figurativamente (e não de modo literal) as mãos a Deus, como uma criança indefesa tenta alcançar sua mãe.


Quando Paulo (1Timóteo 2.8) exortou os crentes a orarem “levantando mãos santas”, ele sem dúvida falava em linguagem figurada. Oferecer a Deus “mãos puras” num sentido literal, como crianças que mostram aos pais que lavaram as mãos antes da refeição, seria um absurdo. As mãos representam nossos feitos, e Paulo quer dizer que devemos nos esforçar por santidade, antes de orarmos. A ilustração mais semelhante está em Salmos 24.3-4: “Quem subirá ao monte do SENHOR? Quem há de permanecer no seu santo lugar? O que é limpo de mãos e puro de coração.”


Levantar as mãos é apenas outro exemplo de atividade carismática fundamentada no uso superficial, e talvez ridículo, dos textos bíblicos. Do modo como é feito em nossos dias, levantar as mãos é um artifício humano sem base bíblica e tem o propósito de ajudar as pessoas a entrarem num estado quase místico de emoções estimuladas. Isto é feito em desafio ao princípio “em espírito e em verdade”. Portanto, em vez de promover o louvor ao Senhor, induz as pessoas ao emocionalismo auto-indulgente. Muitos crentes sinceros são mal orientados e aceitam essa prática como algo útil ao senso de comunhão, mas, na verdade, ela é um obstáculo, uma vez que encoraja o uso das emoções em nível humano, e não em um nível espiritual.


Fonte: Livro: "Louvor em Crise" (Perter Masters), resumo e adaptação para o blog: Rev. Ronaldo P Mendes, título original: “Por que levantar as mãos?”
Extraído do blog: [ Solus Christus ]

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Quem não ouve cuidado, ouve coitado.

Por Renato Vargens

Certa feita, um garoto ao brincar no quintal de sua casa, inventou de empurrar uma enorme pedra, claramente superior às suas próprias forças. Empurrou-a com as mãos, com os pés, com o corpo, de costas, sem contudo fazer com que a pedra se movesse. O pai , ao observar o inoperante esforço do menino lhe disse: “ Filho, você ainda não usou todos os recursos,”. “Usei, sim, papai”, respondeu o pequeno já quase chorando. “Não”, replicou o pai, “você ainda não pediu a minha ajuda”.

Pois é, por acaso você já se deu conta da existência de pessoas extremamente auto-suficientes. Individuos deste tipo comumente não gostam de pedir ajuda ou ouvir conselhos. Para estes, o que mais importa são suas opiniões e não as dos outros. Lamentavelmente conheço inúmeras pessoas que em nome de uma maturidade burrificada preferem "quebrar a cara" do que pedir opinião a um amigo. Na verdade, o que estes não entendem é que aquele que não ouve cuidado, com certeza ouvirá, coitado.

Caro leitor, a Bíblia é clara em afirmar que a soberba precede à ruína e a altivez de espírito a queda. Do ponto de vista cristão pessoas arrogantes não chegam muito longe, ao contrário das humildes de coração. As Escrituras afirmam categoricamente que Deus exalta os humildes e abate os soberbos. Ora, como já escrevi anteiormente o trajeto que os vencedores traçam nunca foi e nunca será o caminho da presunção e da prepotência, antes pelo contrário, os vencedores carregam em si a marca indelével da humildade. Portanto lembre-se: Os que vencem na vida são aqueles que ainda que possuam excelente auto-estima, bem como discernimento de quem é e do que pode, optaram pelo caminho da modéstia e da humildade.

Pense nisso,

Renato Vargens

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Desculpa, Chico Xavier

Marcelo Lemos



Uma grande controvérsia tem movimentado os bastidores do Espiritismo no Brasil: Seria Chico Xavier a reencarnação de Allan Kardec, o ‘grande codificador’ de Lyon? De um lado há o grupo que acredita na tese e, de outro, como em toda controvérsia, aqueles que a negam. Entre os grupos, e mesmo dentre eles, estão os moderados que erguem voz para alertar do perigo de perderem o foco com discussão tão inútil.

Virtualmente ignorante à discussão a que nos referimos, a grande massa segue sendo bombardeada com propaganda espírita por todos os lados. A Rede Globo, por exemplo, parece ter escolhido 2010 como o “Ano do Espiritismo” - a começar pela novela ‘Escrito nas Estrelas’, de Elizabeth Jhin, e a estreante mini-série A Cura, de João Emanuel Carneiro, estrelada por Selton Melo. A história, em nove capítulos, com formato de série americana, conta a história de um médico acusado de matar um colega, e que descobre que tem poder de curar as pessoas através de cirurgias espirituais... O autor declarou em entrevista que a história sobre um curandeiro é algo que sempre quis fazer, pois “é uma forma de abordar o sobrenatural de uma forma bem brasileira”.

Nunca a espiritualidade esteve tão em alta, que os cinemas brasileiros não me deixem mentir. O filme “Chico Xavier”, segundo a Folha de S. Paulo, só na semana de estréia, em Abril, arrastou para frente da telona nada menos que 590 mil pessoas. Desde então, mais de 3 milhões de pessoas já assistiram ao filme. Deu um verdadeiro olé em cima do tão aclamado “Lula, filho do Brasil”, que na estréia se contentou com 220 mil espectadores, e ficou muito perto de “Avatar”, superprodução americana, que atingiu perto de 800 mil espectadores na semana de estréia no Brasil.

Seja na tela do cinema, seja na tela da TV, o fato é que o espiritismo anda em alta ultimamente. Sem pesquisar muito, só citando o que podemos lembrar num segundo, ao menos quatro dos mais bem-sucedidos seriados americanos trazem conteúdo espírita: Cold Case; Supernatural, Médium e Ghost Whisperer. A fórmula parece ir tão bem nos índices de audiência que até seriados mais ‘sérios’, como Grey’s Anatomy, andam flertando com o ‘outro mundo’. Na segunda temporada da série, Meredith Grey, personagem principal da história, fica entre a vida e a morte, e numa EQM, experiência de quase morte, encontra-se com inúmeros falecidos, incluindo um grande amor... Seriam as visões de Grey, apenas reações químicas do cérebro inconsciente? Seriam experiências reais com o sobrenatural? Os autores deixam ao telespectador o sabor de julgar.

Ainda que o risco de alguém vir a se tornar espírita por influencia de qualquer destas obras seja questionável, é de bom juízo, e do dever cristão, conhecer mais de perto o que a Doutrina Espírita pretende ensinar. Tal conhecimento não apenas nos protege de contaminação, como também nos serve de ferramenta na hora de comunicar o Evangelho da Graça àqueles que estejam seduzidos, em maior ou menor grau, por tal filosofia religiosa – e não são poucos, como podemos supor pelos dados acima.

Indo direto ao ponto, e sem pedir desculpas pelo que será dito, o Espiritismo é uma filosofia absolutamente anticristã. Certamente vão chover protestos contra esta afirmação, até porque, os espíritas definem-se a si mesmos como “cristãos”. Na verdade, vão ainda mais longe, ao afirmarem que sua filosofia seria uma mais elevada revelação da mensagem de Jesus. Todavia, basta um breve olhar para se perceber o quanto a Doutrina Espírita contradiz a Mensagem do Cristo.

Para provar este ponto, destaco a forma antibíblica como eles se valem do termo “expiação” – o que nos levará diretamente a outro dogma espírita, a reencarnação. Todo cristão sabe – ou deveria saber – que o termo “expiação” vem lá do Antigo Testamento, quando o povo hebreu foi ordenado a oferecer sacrifícios por seus pecados. Havendo cometido pecado, o homem ofertava a Deus um animal inocente que, tendo seu sangue derramado, expiava a ofensa do pecador, tornado este novamente aceitável a Deus.


“E quando o pecado que cometeram for conhecido, então a congregação oferecerá um novilho, por expiação do pecado...” – Levítico 4.14.


O sacrifício de uma vitima inocente realizava a expiação pelo pecado do transgressor. Este é o conceito bíblico de expiação; evidentemente, tal conceito de expiação se aplica a Obra Expiatória realizada pelo Cristo, nosso Senhor e Deus. Tal realidade já se prefigurava desde os tempos proféticos, e é belissimamente sumarizada no poema de Isaías:


“Seguramente Ele tomou sobre Si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre Si; nós O reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho. Porém o Senhor fez cair sobre Ele a iniqüidade de nós todos” – Isaías 53.4-6.

No entanto, nada disso se aplica a teoria espírita sobre a expiação. No espiritismo não existe salvação por Graça, muito pelo contrário, ali a salvação deve ser buscada a duras penas, como recompensa pelas boas ações dos homens. É bem honesta a forma como um dos espíritos guia de Allan Kardec descreve o mundo imaginado pelo Espiritismo: um purgatório! “Quase sempre, na Terra é que fazeis o vosso purgatório e que Deus vos obriga a expiar as vossas faltas” (Livro dos Espíritos, versão digital).

Não existe perdão no Espiritismo, portanto, ali não se fala em Graça Salvadora. O homem, segundo os espíritos guia do kardecismo, não é salvo pela Graça de Cristo, mas por si mesmo. E, neste mundo-purgatório, os homens, através do sofrimento e das boas ações, vão purificando-se, pagando a Deus o que Lhe devem, e alcançando um degrau a mais na evolução espiritual. Mas, como nem sempre dá tempo de pagar todas as dívidas numa única existência, o homem se vê obrigado a reencarnar inúmeras vezes – até que pague o último centavo de sua dívida!


“Um senhor, que tenha sido de grande crueldade para os seus escravos, poderá, por sua vez, tornar-se escravo e sofrer os maus tratos que infligiu a seus semelhantes. Um, que em certa época exerceu o mando, pode, em nova existência, ter que obedecer aos que se curvaram ante a sua vontade. Ser-lhe-á isso uma expiação, que Deus lhe imponha, se ele abusou do seu poder. Também um bom Espírito pode querer encarnar no seio daquelas raças, ocupando posição influente, para fazê-las progredir. Em tal caso, desempenha uma missão” Livro dos Espíritos, versão digital

O Espiritismo não é cristão!

Cristo, a Vítima Inocente, é quem realizou uma perfeita Expiação pelos nossos pecados. Não por menos ser posto como doutrina fundamental da fé cristã uma ‘salvação por graça’, como bem expressa o Santo Apóstolo: “... sendo justificados livremente pela Sua graça, pela redenção que está em Cristo Jesus, ao qual Deus propôs para ser uma propiciação, pela fé no Seu sangue, para demonstração da Sua justiça, pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; para a demonstração da Sua justiça, pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; para a demonstração, digo, da Sua justiça neste tempo presente, para que Ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus” (Romanos 3:24-25).

E se acrescente Efésios 2.4-9: “Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus; para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus. Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie”.

Nossa Redenção encontra-se em Cristo justamente pelo fato de que ele “se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave” (Efésios 5.2). Não reencontramos nosso lugar ao lado de Deus por méritos pessoais, antes, pela Graça de Deus, a qual, por meio de Cristo, nos reconcilia consigo. Este é o ensino de todo o Novo Testamento. “... Cristo morreu por nós. Muito mais então, sendo justificados pelo Seu sangue seremos salvos da ira de Deus por meio dele.” (Romanos 5:8,9). “... nossa páscoa também foi sacrificada, mesmo Cristo.” (1 Coríntios 5:7). “... Cristo morreu por nossos pecados, segundo a Escritura” (I Coríntios 15:3). “Aquele que não conheceu pecado. Fê-lo pecado por nós, para que nEle fossemos feitos justiça de Deus” (2 Coríntios 5:21). “... ofereceu para sempre um sacrifício pelos pecados” (Hebreus 10:12). “Porque Cristo também sofreu pelos pecados uma vez, o justo pelos injustos, para que nos trouxesse a Deus ...” (I Pedro 3:18). “Cristo nos redimiu da maldição da Lei, fazendo-Se maldição por nós” (Gálatas 3:13). “... foste morto e remiste para Deus com o Teu sangue homens de toda a tribo, língua, povo e nação” (Apocalipse. 5:9).

Foi pesquisando o grande sucesso do filme Chico Xavier, e do fenômeno espírita na mídia, que tive a idéia do título deste artigo. Em minhas andanças na Internet, encontrei uma mensagem de um entusiasta que dizia mais ou menos o seguinte: “Obrigado Chico, por tudo o que você nos ensinou, e para o que tem despertado o Brasil, mesmo de onde você está nos vendo!”. Então, pensei com meus botões: “Chico está nos vendo?”. Bem, o caso é que se eu acreditasse nisto, também teria uma mensagem para este ilustre brasileiro: “Me desculpe a franqueza Chico, mas, ainda que sua filosofia tenha lá suas virtudes, ela não é, e jamais foi cristianismo!”.


“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” – João 3.16


Fonte: http://www.genizahvirtual.com/2010/08/desculpa-chico-xavier.html#ixzz0ziEgs9dm

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Não sou, não possuo e nem faço...

Eu não possuo unção apostólica nem tampouco sou apostolo.
Minha adoração não é extravagante, meus louvores não são repetitivos, não canto músicas para o diabo, nem tampouco sou levita do Senhor.
Não demarco territórios com urina, não tenho a unção do leão, nem troco o anjo da guarda. Não sou dualista, muito menos maniqueísta. Não dou ordens a Deus, nem tampouco determino através de atos proféticos o que o Soberano tem que fazer.
Não sou judaizante, não toco shofar, não possuo réplicas da arca e do tabernáculo em minha igreja, como também não sou adepto do retété de Jeová. Não ando com cajado na mão, não tenho a unção do riso, não creio em galo que profetiza, nem meus sapatos são de fogo.
Não fui arrebatado ao terceiro céu, nem tampouco tive uma nova e especial revelação. Não uso sal grosso para espantar mal olhado, não saio por aí ungindo objetos inanimados, nem tampouco sincretizo o evangelho do meu Salvador. Não manipulo anjos, não comercializo a fé, não vendo indulgências. Não prego a graça barata, nem tenho por hábito quebrar maldições.

Graças a Deus que nada sou.

Soli Deo Gloria,

Renato Vargens
Fonte: Blog do autor

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Doutrina e Divergência

Por: Abraham Kuyper

A questão das divergências doutrinárias no seio da igreja tem sido discutida à exaustão por teólogos e líderes eclesiásticos.
Trata-se do seguinte: será que duas doutrinas distintas não podem ser mantidas no contexto da mesma igreja? Não deveríamos permitir divergências? Não deveríamos ser tolerantes e acobertar ou ignorar esses pontos de divergência a fim de manter a paz? Será que não poderíamos pelo menos moderar as diferenças, mantendo-as dentro de certos parâmetros?
Como de costume, buscamos pela resposta na Palavra de Deus. É nela que encontraremos os parâmetros dentro dos quais devemos permanecer.
Há três fases a considerar: nossa própria atitude em relação a tais divergências, os próprios pontos de divergência e, finalmente, as pessoas de quem nós divergimos.
Em relação à nossa atitude, não devemos de forma alguma deixar que interesses pessoais (ou que qualquer sentimento de animosidade em relação àqueles que discordam de nós) interfiram no nosso zelo na defesa da verdade. É nosso dever odiar qualquer inverdade e qualquer mal por amor a Deus, e é nosso dever tentar trazer de volta ao caminho correto aqueles que se desviaram.
Quando Moisés despedaçou as tábuas da lei no monte e reduziu a pó o bezerro de ouro, ele não estava a dar vazão à sua raiva pessoal e amarga, mas sim expressando seu zeolo por Deus. Isso é evidente no fato de ter ele implorado para ter seu nome removido do livro de Deus para evitar que Deus desonrasse Seu Santo Nome destruindo os israelitas. Paulo exige a mesma atitude de cada servo de Cristo ao escrever a Timóteo: “E ao servo do Senhor não convém contender, mas sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor; instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade…” (2Tim. II, 24-25). Além disso, “que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina.” (2Tim. IV, 2). Tais palavras não ensinam indolência ou indiferença ou silêncio para com a crença dos outros, mas de fato insistem que, em todo protesto contra falsas doutrinas, a motivação não deve ser o sentimento pessoal, mas sim, a glória de Deus e a edificação de nossos irmãos, incluindo aqueles de quem discordamos.
Os próprios pontos de divergência também devem ser levados em conta, independentemente de serem ou não doutrina fundamental. Onde houver divergência de interpretação de uma certa passagem da Escritura mas nenhuma doutrina fundamental for envolvida, deve haver tolerência. Uma pessoa tem direito à sua opinião sem negar esse direito a outra: o leitor cristão é livre para aceitar aquela interpretação que ele, guiado pelo Espírito Santo que habita em si, julgar ser mais correta (ou menos problemática). Isso é parte da liberdade que têm os filhos de Deus. Ora, nós só conhecemos em parte, e nós só profetizamos em parte, porque enxergamos tudo embaçado. E é através da própria variedade de opiniões que, por vezes, o sentido de uma passagem é esclarecido com o passar do tempo.
Todavia, se a interpretação for tal que contradiga algum artigo da fé, então deve ser refutada, pois a verdade do Evangelho deve ser defendida contra toda falsa doutrina.
Veja, por exemplo, o que Cristo diz: “meu Pai é maior do que eu” (Jo. XIV, 28). Alguns interpretam isso como uma alusão à Sua natureza humana. Outros dizem que Jesus queria ressaltar Seu estado de humilhação. E outros entendem que isso significa que, na condição de nosso Mediador, ao se tornar obediente ao Seu Pai, Cristo se humilhou. Nenhum dos três entra em conflito com as confissões. Contudo, se o texto for interpretado como se dissesse que Cristo revoga divindade, que Ele nega Sua unidade essencial com o Pai, então nos deparamos com uma doutrina que se choca contra a confissão de que Cristo é verdadeiro e eterno Deus. Tal divergência não pode ser tolerada no seio da igreja.
Finalmente, consideremos as pessoas que são desviadas por falsas opiniões e doutrinas. Tais pessoas podem ser classificadas de duas formas: aqueles neófitos ou fracos na fé e aqueles que são fortes e que defendem forte e abertamente as suas ideias e pelejam para ganhar adeptos. A primeira categoria deve ser tratada gentilmente, e instruída em uma porção maior da verdade, no intuito de que cresçam na fé. Devemos ser pacientes com os que são fracos.
Entretanto, não podemos ser tolerantes com aqueles que aceitam e que ensinam doutrinas que não estão de acordo com a Palavra de Deus. Temos o dever de defender veementemente a verdade, de modo que, se possível, eles possam ser ganhados de volta, ou pelo menos advertidos de seu erro. O conselho completo de Deus lhes deveria ser exposto de modo simples e claro.
Tolerância e paciência, portanto, devem certamente caracterizar a nossa atitude pessoal em geral e também nos casos de divergência pequena. Paciência também é chave ao lidar com aqueles que são neófitos ou fracos na fé.

Contudo, aqueles que ensinam qualquer coisa contrária à Palavra de Deus não podem permanecer na igreja de Deus.
_________________________
Sobre o autor: O escritor holandês Abraham Kuyper (1837-1920), filósofo, teólogo e estadista, fez parte de um movimento de reforma interna da igreja holandesa e depois tornou-se primeiro-ministro de seu país. É mais conhecido através de suas Preleções Stone a respeito da cosmovisão reformada e de seus livros devocionais. É considerado o pai fundador do movimento neocalvinista por conta do desenvolvimento da teoria das esferas de soberania e um dos principais líderes políticos cristãos conservadores do século XX.

Traduzido por: Lucas G. Freire.
Fonte: The Practice of Godliness (Grand Rapids: Eerdmans, 1948), pp.47-49.
Extraído do blog: [ Neocalvinismo sem Mundanismo ]
Via: [ Eleitos de Deus ]

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Universal construirá templo em SP maior que a Catedral da Sé

Blog do bispo Edir Macedo diz que as pedras utilizadas na obra serão trazidas de Israel
Luís Artur Nogueira, de EXAME.com

São Paulo - A Igreja Universal do Reino de Deus anuncia a construção de uma réplica do Templo de Salomão, que será maior que a Catedral da Sé, em São Paulo. O valor da obra não foi divulgado e o prazo previsto é de quatro anos.


"Será uma mega igreja, com 126 metros de comprimento e 104 metros de largura, dimensões que superam as de um campo de futebol oficial e as do maior templo da Igreja Católica da cidade de São Paulo, a Catedral da Sé. São mais de 70 mil metros quadrados de área construída num quarteirão inteiro de 28 mil metros. A altura de 55 metros corresponde a de um prédio de 18 andares, quase duas vezes a altura da estátua do Cristo Redentor", diz o blog do bispo Edir Macedo.

Segundo a Igreja Universal, o complexo contará com 36 Escolas Bíblicas com capacidade para atender 1,3 mil crianças, estúdios de tevê e rádio, auditório para 500 pessoas, e estacionamento para mais de mil carros.

"Projetado para causar o menor impacto possível ao meio ambiente, o templo será construído com materiais reciclados e regionais de alta tecnologia, que proporcionarão o uso racional da energia, possibilitando a reutilização de água e calor", diz o texto.

Edir Macedo promete ainda a construção de um memorial com 250 metros quadrados que poderá ser usado como um espaço para exposições e eventos. "A ideia seria contar ali não só a história da Igreja, mas também explicar um pouco do funcionamento do templo como obra de engenharia."

De acordo com o blog, o local não será de ouro, mas os detalhes empregados em cada parte do templo serão muito parecidos com os do antigo santuário erguido pelo Rei Salomão. "Nós encomendamos o mesmo modelo de pedras de Jerusalém que foram usadas por Salomão, pois vamos revestir as paredes do templo com elas", anuncia Edir Macedo.

A igreja será construída no Brás (zona leste da capital paulista) e terá capacidade para mais de 10 mil pessoas sentadas. Edir Macedo acredita que a visitação ao Templo não se limitará somente aos fieis da Igreja Universal do Reino de Deus, se tornando um ponto turístico e cultural.

Dados comparativos Catedral da Sé           Templo de Salomão

Comprimento            111 metros                 126 metros

Largura                    46 metros                    104 metros

Altura                      92 metros (duas torres) 55 metros

Capacidade               8 mil pessoas              10 mil pessoas

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Elias: um homem admirável!

Elias não teve medo de encarar o rei ou enfrentar os profetas de Baal. O cara era corajoso, ponto final. Mas ele também era poderoso na oração... Confiante o suficiente para esperar... Muito sábio para ver chuva numa pequena nuvem... e humilde o suficiente para levantar suas vestes e correr feito um animal selvagem montanha abaixo, na chuva e na lama, como se fosse o Papa-Léguas dizendo "vamos lá venha me pegar!". Não é de espantar que Elias seja o tipo de homem que admiramos. Não é animador saber que servimos o mesmo Deus que ele serviu? Não é sensacional pensar que podemos confiar no mesmo Deus em que ele confiou? E que tipo de Deus é este? Ele é o Deus que faz promessas e as cumpre. Charles Swindoll em Elias: um homem de heroísmo e humildade.
Fonte: Instituto Jetro

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Voto Cristão é o Voto Consciente!

Hermes C. Fernandes

Mais uma eleição se avizinha e duas opiniões antagônicas e radicais têm sido adotadas por muitos cristãos. Dois extremos que precisam ser evitados para que a igreja não caia no fosso entre a alienação e o comprometimento.

De um lado estão os que se envolvem no processo, apoiando candidatos indicados pela liderança da igreja. Qualquer que ouse questionar é reputado por rebelde.

Do outro lado estão os que defendem o distanciamento da igreja do processo político eleitoral.

Há que se buscar o ponto de equilíbrio. A igreja, enquanto instituição, deve manter-se isenta, permitindo que seus membros exerçam cabalmente sua cidadania. Porém isso não lhe tira a responsabilidade de orientá-los quanto ao uso consciente do direito de votar.

Não confundamos isenção com alienação, nem engajamento com comprometimento.

Uma igreja pode engajar-se no processo de conscientização, desempenhando o papel de agente politizador. Mas jamais deve comprometer-se com qualquer que seja a ideologia, partido ou candidatura, sob pena do prejuízo de seu papel profético.

Cada membro deve ser estimulado a pensar por si mesmo, e fazer suas próprias escolhas. Portanto, a função da igreja é pedagógica, não ideológica.

A despeito disso, um número cada vez mais expressivo de cristãos tem se engajado em campanhas políticas. Uns até movidos por ideais (ainda que ingenuamente), outros por interesses pessoais.

Aproveitando-se disso, candidatos ávidos pelos votos dos fiéis assediam sistematicamente as igrejas durante a época de eleições.

O que para alguns líderes pode ser traduzido como provisão de Deus em tempo de crise, para outros menos ingênuos, tal assédio revela o caráter oportunista e desonesto de nossa classe política, e por isso, deve ser rechaçado.

Para fazer a ponte entre pastores e políticos surge a figura do pulpiteiro, geralmente alguém pertencente ao meio evangélico ou egresso dele, e que domina o evangeliquês. Num País de 46 milhões de evangélicos, o pulpiteiro pode pesar mais para uma candidatura do que o marketeiro profissional.

Mesmo alguns líderes tidos como referência ética no meio, acabam cedendo ao assédio do pulpiteiro. A lógica é simples: se a maioria se beneficia disso, por que ficar de fora? Que mal haveria em aceitar uma oferta generosa para apoiar publicamente um candidato?

Ademais, parece mais simples (e conveniente) apontar um candidato, do que ensinar o povo a votar com consciência.

Não é debalde que durante esta época muitas igrejas concluem suas obras, adquirem equipamento novo de som, ou aquela tão sonhada propriedade para a construção do novo templo. É também nesta época que muitos líderes eclesiásticos desfilam de carro novo, ou anunciam à igreja que depois de tanto tempo de trabalho ininterruptos, finalmente sairá em férias com a família logo após os festejos de fim de ano.
O que está em jogo, afinal?

Não é apenas a postura ética que escorre pelo ralo da conveniência. Um candidato capaz de oferecer propina (este é o nome correto) em troca de votos, do que será capaz depois de eleito?

E mais: de onde ele consegue tanto dinheiro para bancar esta compra de votos no atacado? Que grupos estariam por trás de sua candidatura? Que interesses têm?

Portanto, líderes que se rendem (ou se vendem) às propostas destes políticos estão cometendo traição. Traem seu povo, sua consciência, seus votos ministeriais, e o pior, seu Deus.

Deveriam ler atentamente a advertência proferida pelos lábios do profeta Isaías:

“Os teus príncipes são rebeldes, companheiros de ladrões; cada um deles ama o suborno, e corre atrás de presentes. Não fazem justiça ao órfão, e não chega perante eles a causa das viúvas”. Isaías 1:23

Está na hora de darmos um basta nesta famigerada prática. Púlpito não é palanque, e igreja não é curral eleitoral, mas aprisco das ovelhas de Cristo.

Pastores, preparem-se para prestar contas ao dono da Igreja. Deus não os terá por inocentes. Portanto, “apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente, não por torpe ganância, mas de boa vontade, não como dominadores dos que vos foram confiados, mas servindo de exemplo ao rebanho. E, quando se manifestar o sumo Pastor, recebereis a imarcescível coroa de glória” (1 Pe. 5:2-4).

Embora reconheçamos a postura antiética e vexatória de muitos líderes no que tange à política, não podemos nos afastar do processo político, mas nos engajar no afã de produzir entre as ovelhas de Cristo uma consciência política sadia e honrosa.

Cidadania celestial e cidadania terrena não são necessariamente excludentes. Como cristãos comprometidos com o futuro da humanidade, precisamos encarnar os valores e princípios do reino de Deus e expressá-los através de nossa conduta no processo político/eleitoral.

Movido exclusivamente por este interesse, resolvemos assumir a responsabilidade pela produção de uma pequena cartilha para os cristãos. Chamamo-la de Cartilha Reinista pelo Voto Consciente, pois não está vinculado a qualquer denominação, e sim aos ideais do Reino de Deus e a sua justiça.


Leia Mais em: http://www.genizahvirtual.com/2010/08/voto-cristao-e-o-voto-consciente.html#ixzz0ylfynd72

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A Babilônia na Profecia Bíblica

Por Thomas Ice

“Ai! Ai! Tu, grande cidade, Babilônia, tu, poderosa cidade! Pois, em uma só hora, chegou o teu juízo” (Ap 18.10).

A guerra no Iraque – a antiga Babilônia – tem ocupado as manchetes nos últimos anos. Será que a Bíblia tem algo a dizer sobre o papel a ser desempenhado pela Babilônia no futuro? A Babilônia mencionada na Bíblia tem alguma relação com o Iraque de nossos dias?

Essas questões podem ser solucionadas respondendo à seguinte pergunta: todas as referências bíblicas à Babilônia devem ser interpretadas literalmente ou não? Eu creio que sim. O Dr. Charles Dyer declara:

A Bíblia menciona o termo Babilônia mais de duzentas e oitenta vezes, e muitas dessas referências dizem respeito à futura cidade de Babilônia que será edificada na areia fina do atual deserto.[1]

Na verdade, depois de Jerusalém, Babilônia é a cidade mais citada em toda a Bíblia. Mas qual será o seu destino profético? Para entendermos esse assunto de maneira adequada, precisamos iniciar a nossa viagem explorando o passado da Babilônia, já que os fatos relacionados ao seu nascimento prestam auxílio no esclarecimento de seu papel futuro.

O Passado de Babilônia
A antiga cidade de Babilônia começou imediatamente após o Dilúvio e simboliza a expressão da rebelião direta do homem contra Deus e contra a Sua ordem: “Sede fecundos, multiplicai-vos e enchei a terra” (Gn 9.1b). Portanto, o reinado humano começou na Babilônia com uma rebelião clara e evidente contra Deus. O Senhor interveio e espalhou a humanidade rebelde confundindo seus idiomas. O nome “Babel” foi dado à cidade de Ninrode, por causa da sentença de Deus sobre seus habitantes (Gn 11.1-9). O Dr. Dyer explica:

Babel foi a primeira tentativa de unificação da humanidade para causar um curto-circuito no propósito de Deus. Essa primeira cidade pós-diluviana foi projetada expressamente para frustrar o plano de Deus relativo à humanidade. As pessoas buscavam unidade e poder, e Babel deveria ser a sede governamental desse poder. Babilônia, a cidade feita por homens, que tenta se elevar até o céu, foi construída em direta oposição ao plano de Deus.[2]


Babel foi a primeira tentativa de unificação da humanidade para causar um curto-circuito no propósito de Deus. Essa primeira cidade pós-diluviana foi projetada expressamente para frustrar o plano de Deus relativo à humanidade. As pessoas buscavam unidade e poder, e Babel deveria ser a sede governamental desse poder.



A Babilônia estava novamente em primeiro plano no sexto século antes de Cristo[3] quando Deus enviou o Reino do Sul de Israel (Judá) para os setenta anos de cativeiro. Foi nessa época que Daniel recebeu de Deus muitas de suas visões proféticas. Nessas revelações, a Babilônia foi o primeiro dos quatro grandes impérios que se levantaram durante os “tempos dos gentios” (Dn 2 e 7). A história revela que a Babilônia sofreu um declínio até o segundo século depois de Cristo, quando ficou deserta. Essa cidade soterrada sob as areias do tempo durante os últimos mil e setecentos anos recomeçou sua ascensão no século passado. Espere mais um pouco e você verá a Babilônia tornando-se uma força religiosa, comercial e politicamente dominante no mundo, pois os capítulos 17 e 18 de Apocalipse predizem sua destruição, mas, para ser a cidade que essas profecias projetam, Babilônia precisa ser reconstruída em grande escala, voltando a ser como nos dias de Nabucodonosor.

O Futuro de Babilônia
Como a Babilônia desempenhou um importante papel no passado, também já está agendado por Deus – segundo foi revelado na profecia – que ela desempenhará um papel central no futuro. Ela se tornará, provavelmente, a capital do Anticristo durante os futuros sete anos de tribulação, conforme retratado na série de ficção Deixados para Trás de Tim LaHaye e Jerry Jenkins.

A Babilônia foi a cidade mais importante do mundo por quase 2000 anos, e a Bíblia nos diz que será reerguida e colocada no palco mundial do fim dos tempos para representar um papel de destaque (Ap 14.8; Ap 16.19; Ap 17 e Ap 18). A profecia referente ao final dos tempos exige que a Babilônia seja reconstruída e se torne uma cidade importante aos interesses mundiais durante a Tribulação. O texto de Isaías 13.19 diz: “Babilônia, a jóia dos reinos, glória e orgulho dos caldeus, será como Sodoma e Gomorra, quando Deus as transtornou”. O contexto de Isaías 13 é “o Dia do Senhor”, expressão mais utilizada no Antigo Testamento para o termo largamente conhecido como “Tribulação”. Além disso, no passado a Babilônia foi conquistada por outros povos mas nunca foi destruída num cataclismo (ou seja, “como Sodoma e Gomorra, quando Deus as transtornou”). Atualmente a [região de] Babilônia tem aproximadamente 250.000 habitantes. O texto de Apocalipse 18.16,19 fala de uma súbita destruição pela mão de Deus: “Ai! Ai! da grande cidade,... porque, em uma só hora, foi devastada!” O Dr. Arnold Fruchtenbaum declara:

As profecias referentes à cidade de Babilônia nunca se cumpriram no passado, o que qualquer enciclopédia pode testificar. Para que as profecias bíblicas se cumpram, é necessário que a cidade de Babilônia seja reconstruída na mesma área de outrora. A antiga Babilônia é o atual Iraque.[4]

A Babilônia tem um importante papel na história futura, mas será totalmente destruída num determinado momento ainda por vir.

Em Apocalipse 17-18 Babilônia é citada como sendo a fonte da religião, do governo, e da economia ímpios. Todos os aspectos injustos da sociedade do fim dos tempos são, finalmente, derivados de uma fonte babilônica. O verdadeiro caráter de Babilônia é revelado a João em Apocalipse 17.5 como um mistério assim descrito:

“BABILÔNIA, A GRANDE, A MÃE DAS MERETRIZES E DAS ABOMINAÇÕES DA TERRA”.

Como a mãe de todas as religiões falsas, Babilônia é a fonte onde nasce o falso cristianismo de nossos dias e, certamente, durante a Tribulação. Todas as correntes do cristianismo apóstata – catolicismo romano, as igrejas ortodoxas do Oriente e o protestantismo liberal – vão convergir na Babilônia eclesiástica (Ap 17) durante a Tribulação. O Dr. Dyer nos informa:

...em Apocalipse 17 João descreve a visão em duas partes. A primeira parte fala de uma mulher identificada como Babilônia. Simboliza uma cidade de extrema riqueza que controla – “povos, multidões, nações e línguas” (Ap 17.15). Ela é literalmente a cidade de Babilônia reconstruída.[5]

Esses povos, multidões, nações e línguas vão continuar sua tarefa de enganar, mas sofrerão o juízo de Deus durante e no final da Tribulação. Encontramos o mesmo parecer sobre Babilônia e a descrição de um destino semelhante em Apocalipse 18 referindo-se à Babilônia comercial.

Uma Babilônia Literal
Ao longo da história da Igreja, grande parte dos intérpretes da Bíblia pensava que essa Babilônia fosse um tipo de palavra-código referente a alguma entidade como o Império Romano, o catolicismo romano, o cristianismo apóstata ou mesmo os Estados Unidos ou a Inglaterra. Entretanto, creio que, assim como o termo “Israel” na Bíblia sempre se refere a Israel, o termo “Babilônia” sempre se refere à Babilônia.


Como a mãe de todas as religiões falsas, Babilônia é a fonte onde nasce o falso cristianismo de nossos dias e, certamente, durante a Tribulação. Todas as correntes do cristianismo apóstata – catolicismo romano, as igrejas ortodoxas do Oriente e o protestantismo liberal – vão convergir na Babilônia eclesiástica (Ap 17) durante a Tribulação.



Em primeiro lugar, creio que o livro de Apocalipse é uma grande estação central para onde convergem todas as profecias bíblicas referentes ao futuro. O Dr. Fruchtenbaum explica esse fato da seguinte maneira:

As profecias do Antigo Testamento estão espalhadas pelos livros de Moisés, de vários profetas e pelos livros históricos. Seria impossível desenvolver qualquer seqüência cronológica dos eventos mencionados nessas profecias. O valor do livro de Apocalipse não está no fato de oferecer novas informações, mas em ordenar as profecias do Antigo Testamento em seqüência cronológica, possibilitando determinar a ordem dos eventos.[6]

Quando se estuda o que Deus declara acerca da Babilônia no livro de Apocalipse, obviamente vemos que essas profecias não se cumpriram em acontecimentos passados e, portanto, terão seu cumprimento em eventos futuros. Os capítulos 17 e 18 de Apocalipse, que falam sobre a Babilônia, fazem muitas alusões a ela citando profecias do Antigo Testamento como Isaías 13 e 14, Jeremias 50 e 51 e Zacarias 5.5-11.[7] A única interpretação plausível para um literalista é que as referências são à “Babilônia às margens do Eufrates”.[8] O Dr. Robert Thomas prossegue, dizendo:

...no dia vindouro, predito nas páginas dessa profecia, essa cidade se tornará o foco central de todo o sistema religioso que se opõe decididamente à verdade da fé cristã. O sistema religioso prosperará durante algum tempo, exercendo influência sobre as instituições comerciais e políticas de sua época, até que a Besta e os dez reis determinem que esse sistema já não tem qualquer utilidade para seus propósitos. Eles, então, o desmantelarão.[9]

A Babilônia de Apocalipse é literal e, por conseguinte, as profecias a seu respeito hão de se cumprir literalmente no futuro, talvez em um futuro próximo.

Uma “Exegese de Jornal”?
Os preteristas, como Gary DeMar, por exemplo, zombam da perspectiva de voltar a existir uma Babilônia reconstruída no futuro e desempenhando um papel na profecia do fim dos tempos. “Será que deveríamos esperar uma reconstituição de Babilônia no futuro, tendo por base os eventos descritos no livro de Apocalipse?”, pergunta DeMar. “A Babilônia de Apocalipse é a mesma Babilônia do Antigo Testamento?... De jeito nenhum”.[10] DeMar acredita que aqueles que vêem uma correlação entre os eventos atuais e a preparação feita por Deus para o futuro período de Tribulação estão desenvolvendo uma “exegese de jornal”. Diz ele que estamos “lendo a Bíblia pela lente dos acontecimentos atuais”.[11] Porém, eu argumento que ocorre exatamente o contrário.


A única interpretação plausível para um literalista é que as referências são à “Babilônia às margens do Eufrates”. Na foto: uma vista do Rio Eufrates a partir da represa de Hadithah.



Os intérpretes literalistas da Bíblia há muito tempo têm ensinado que Israel deve retornar à sua terra antes da Tribulação, fundamentados na sua compreensão do cronograma profético. Isso aconteceu com o estabelecimento do Estado de Israel em 1948. Os judeus estão de volta à sua terra e posicionados para cumprir o seu destino quando a Tribulação começar. No passado, antes de 1948, os intérpretes literalistas não se baseavam naquilo que os jornais diziam para crer no que a Bíblia profetizava. Pelo contrário, eles criam que Israel seria restaurado porque a Bíblia assim o dizia. O que realmente acontece é que Deus está cumprindo Suas profecias perante um mundo observador e os jornais apenas relatam os fatos. Se a convicção de que Deus cumpre o que diz tivesse sido uma espécie de “exegese de jornal”, antes de 1948 não teríamos começado a proclamar a nossa certeza de que Israel seria restabelecido. Contrariando essa “exegese de jornal”, os estudiosos da Bíblia já proclamavam o retorno de Israel à sua terra como um evento futuro centenas de anos antes que ocorresse.

Por semelhante modo, estudiosos da profecia também têm ensinado, há muitos anos, que haverá um ressurgimento do Império Romano e que a cidade de Babilônia será reconstruída, já que essas entidades desempenharão um papel específico durante o futuro período da Grande Tribulação. Antes que Saddam Hussein subisse ao poder, Charles Dyer concluiu a sua tese de mestrado no Seminário Teológico de Dallas (em maio de 1979) falando da futura reconstrução de Babilônia. Bem antes de seu tempo, um significativo grupo de estudiosos da Bíblia argumentava “em alto e bom som” que a Bíblia prediz uma futura reconstrução da cidade de Babilônia às margens do Rio Eufrates [ou seja, a idéia de uma Babilônia reconstruída não é tão nova].

Em minha biblioteca limitada encontrei uma porção de autores que, baseados em Apocalipse 17 e 18, ensinaram a respeito de uma futura Babilônia. Nesse grupo estão incluídos: B. W. Newton (1853),[12] G. H. Pember (1888),[13] J. A. Seiss (1900),[14] Clarence Larkin (1918),[15] Robert Govett (1920),[16] E. W. Bullinger (1930),[17] William R. Newell (1935),[18] F. C. Jenings (1937),[19] David L. Cooper (1942)[20] e G. H. Lang (1945).[21] Tenho certeza que muitos outros poderiam ser acrescentados a essa lista.

Conclusão
Visto que uma Babilônia literal terá uma função na Tribulação vindoura, é razoável que a guerra no Iraque, embora não seja um cumprimento da profecia bíblica, sem dúvida está posicionando a Babilônia para a sua iminente tarefa. Será muito interessante observarmos quais serão os desdobramentos dessa guerra e que reflexões podemos fazer quanto à sua influência ou não na preparação do palco para a Tribulação. Maranata! (Thomas Ice - Pre-Trib Perspectives - http://www.chamada.com.br/)

Notas:
1.Charles H. Dyer, The Rise of Babylon: Is Iraq at the Center of The Final Drama? Edição Revisada, Chicago: Moody Press, [1991], 2003, p. 16.
2.Dyer, Rise of Babylon, p. 47.
3.Para uma visão geral sobre a Babilônia, veja o nosso diagrama “Babylon in History and Prophecy” na obra de Tim Lahaye e Thomas Ice intitulada Glorioso Retorno – O Final dos Tempos (São Paulo, SP: Abba Press, 2004), p. 102. Veja também Joseph Chambers, A Palace for the Antichrist: Saddam Hussein’s Drive to Rebuild Babylon and Its Place in Bible Prophecy (Green Forest, AR, 1996).
4.Arnold Fruchtenbaum, The Footsteps of the Messiah: A Study of the Sequence of Prophetic Events, (Tustin, Califórnia: Ariel Ministries Press, 1982), p. 192.
5.Dyer, Rise of Babylon, p. 162.
6.Fruchtenbaum, Footsteps, p. 9.
7.Para uma lista de 550 alusões ao Antigo Testamento em Apocalipse, veja Fruchtenbaum, Footsteps, pp. 454-459. Para a defesa de uma Babilônia literal e como as referências vétero-testamentárias em Apocalipse embasam essa perspectiva, veja Charles H. Dyer, “The Identity of Babylon in Revelation 17-18”, em duas partes, Biblioteca Sacra, vol. 144, nº 575 (Julho-Setembro de 1987), pp. 305-316, e nº 576 (Outubro-Dezembro de 1987), pp. 433-449. Veja ainda Charles Harry Dyer, “The Identity of Babylon in Revelation 17-18,” Th.M.Thesis, Dallas Theological Seminary, 1979.
8.Robert Thomas, Revelation 8-22: An Exegetical Commentary (Chicago: Moody Press, 1995), p. 307.
9.Thomas, Revelation 8-22. pp. 307-308.
10.Gary DeMar, Last Days Madness: Obsession of the Mordern Church, (Power Springs, Georgia, EUA, American Vision, 1999), p. 358.
11.DeMar, Last Days Madness, p. 210.
12.B. W. Newton, Thoughts on the Apocalypse, and Conversation on Revelation, xvii.
13.G. H. Pember, Mystery Babylon The Great, pp. v, 22.
14.J. A. Seiss, The Apocalypse: Lectures on the Book of Revelation, p. 397.
15.Clarence Larkin, Dispensational Truth, pp. 140-144.
16.Robert Govett, The Apocalypse Expounded.
17.E. W. Bullinger, Commentary on Revelation, p. 530.
18.William R. Newell, Revelation: A Complete Commentary, p. 268.
19.F. C. Jennings, Studies in Revelation, p. 476.
20.David L. Cooper, World’s Greatest Library Graphically Illustrated, p. 100.
21.G. H. Lang, The Revelation of Jesus Christ, p. 305.

Publicado anteriormente na revista Notícias de Israel, agosto de 2006.

Fonte: chamada.com.br